Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

THE TALES OF HOFFMAN (Os Contos de Hoffman), de Michael Powell e Eric Pressburger



CINEMA


Leio num matutino de hoje que o cineasta nova-iorquino, Cesar A.Romero (NYC, 4-Fev-1940) disse ontem em Lisboa, no S.Jorge que, quando era novo, o filme que o mais marcara fora "Os Contos de Hoffman", de Michael Powell / Emeric Pressburger (GBR, 1951).
Uma ligação à distância entre o jovem nova-iorquino e o jovem lisboeta seu contemporâneo (este vivendo num dos países mais atrasados da Europa nessa época, com uma censura feroz que o não deixou ver algumas das obras-primas da Sétima Arte, de cinematografias fundamentais, como por exemplo a soviética, que só muito mais tarde poderia conhecer) !

Não direi que "Os Contos de Hoffman" foi o que mais me impressionou, mas foi um dos que, juntamente com "Ladrões de Bicicletas","O Rio Sagrado" (The River), "Shane" e "As Vinhas da Ira" e alguns filmes anti-fascistas, sobre a 2ª Grande Guerra Mundial e os crimes do nazismo.
E quando falo do cinema que fez parte da minha formação como ser humano, cito sempre essa obra de Powell, porque me chamou muito cedo a atenção para a importância da Cultura e da Arte na vida.


ASSALTO AO SANTA MARIA, de Francisco Manso

SANTA LIBERDADE - 

"Assalto ao Santa Maria", de Francisco Manso

Lamento não poder ir desta vez contra a crítica dominante, que muitas vezes denigre (ou ignora...) sem razão o cinema português, e defender, nem que seja minimamente, este filme de Francisco Manso.
Muitas vezes há obras que, embora formalmente, esteticamente, tenham interesse reduzido, no entanto pelo seu argumento nos interessam e às vezes muito. Infelizmente não é o caso deste filme, onde me parece que só o enquadramento inicial e final, que nada têm a ver com o filme, se podem considerar aceitáveis.

Fui aliás reler os dois capítulos, que Miguel Urbano Rodrigues, jornalista, dedicou à aventura de Galvão e dos seus companheiros, no primeiro volume da sua interessantíssima obra "O Tempo e o Espaço em que Vivi" (2002) (espero que o autor publique o 3º volume!), visto ele ter participado com relevo no acontecimento e conhecer os seus protagonistas. A verdade que o interesse do relato de Miguel Urbano Rodrigues, não tem correspondência no filme, que é afinal uma história romantizada, excessivamente simplificada (e parece-me que mal), laudatória da personalidade Galvão, que pouco terá a ver com a realidade. Até a realidade dos 24 participantes na tomada do Santa Maria e os quase 1000 tripulantes e passageiros que estavam no navio, são reduzidos anedoticamente.

Salva-se nesta "aventura" fílmica o desempenho de alguns magníficos actores, com especial relevo para Vítor Norte, no coronel fascista. De qualquer modo, se tiverem tempo e possibilidade, vejam e digam-me se concordam ou não comigo. E não deixam de ler o livro citado, se querem de facto perceber melhor o que passou nesta aventura que cobriu de ridículo o governo fascista de Salazar, em 1961, nas vésperas do início da Guerra Colonial.

IN MEMORIAM SALLY MENKE


IN MEMORIAM - SALLY MENKE (NYC 1953- LA 2010)

Era a montadora dos filmes de Quentin Tarantino, o carismático cineasta (e actor) norte-americano. Sally montou para ele todas as suas obras, desde o primeiro, o magnífico "Cães Danados". Esta montadora foi nomeada duas vezes para o respectivo Óscar, justamente em duas das melhores obras de Tarantino, "INGLOURIOUS BASTERDS" e "PULP FICTION". A montagem do cinema norte-americano perde uma importante personalidade, no feminino.

Outras montadoras importantes daquele cinema, são Barbara McLean, Anne V.Coates, Dede Allen, Thelma Schoonmaker (citadas na nota necrológica do DN de hoje). A morte, segundo aquele matutino, ficou a dever-se a doença súbita.

TEATRO - Ifigénia na Táurida, de Goethe


“IFIGÉNIA NA TÁURIDA”, de Goethe, encenação de Luis Miguel Cintra, ***** (5)

"Ifigénia na Táurida", de Goethe, com recriação poética de Frederico Lourenço e encenação de Luis Miguel Cintra, para a Cornucópia, em reposição no Teatro Municipal de Almada, só até domingo.

Foi um dos grandes espectáculos de teatro de 2009, que tinha falhado e só agora pude finalmente ver.

Só uma palavra: admirável! Pelo texto, claro e belo, a que os actores conseguiram dar o justo relevo, palavras que pela sua universalidade nos tocam profundamente, pela encenação, pela interpretação. Quem goste de teatro que procure não faltar.

Nota: e pode jantar (bem e barato) no próprio teatro, o que é simpático e não deixa de ter um certo fascínio ter na mesa ao lado os actores que uma hora mais tarde veremos transfigurarem-se no palco e transmitirem-nos interpretações e emoções da vida que nos fazem pensar.

IN MEMORIAM TONY CURTIS


TONY CURTIS (NYC, 3-Jun-1925 - Las Vegas, 30-Set-2010)



Actor norte-americano que vimos em muitos filmes, quase sempre com agrado.
Mas da sua longa carreira, e em sua homenagem, destaco dois filmes: o famoso "Some Like it Hot" (Quanto Mais Quente Melhor) (1959), obra-prima do cineasta Billy Wilder, mestre da comédia, e onde o actor contracenava com outros grandes actores - Jack Lemmon e a inesquecível Marilyn Monroe, obra que fecha com a famosa tirada "Ninguém é perfeito!".

O outro é também uma obra-prima, embora num género completamente diferente e trata-se do também famoso "Spartacus" (1960), dirigido por um dos grandes génios do cinema, Stanley Kubrick, e onde Curtis fazia um papel secundário, com o profissionalismo de sempre.

IN MEMORIAM ARTHUR PENN


ARTHUR PENN (Filadéfia, 27-Set-1922, 28-Set-2010)

foto minha

Grande cineasta norte-americano, autor de algumas obras-primas, de que gosto muito, como "The Chase" (1966), "Bonnie and Clyde" (1967), "Four Friends" (1981).

Nos anos 60, a visão de "Bonnie e Clyde", no antigo Eden, na Praça dos Restauradores em Lisboa, surpreendeu-me desde logo pela qualidade da obra e pela crítica social subjacente, que não era habitual a censura fascista deixar passar.
Seguiu-se imediatamente uma enorme polémica nalguns jornais, entre intelectuais conservadores (que eram poucos nessa época. Posso rir-me?) e progressistas, que parcialmente arquivei. A partir daí não deixei de ver mais nenhum dos filmes de Arthur Penn, a que tive acesso, e passou a ser um dos meus cineastas preferidos.

a foto e o caderno são meus