Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A ÚLTIMA VIAGEM DE LÉNINE



A ÚLTIMA VIAGEM DE LÉNINE, pela Associação Cultural NÃO MATEM O MENSAGEIRO




Só uma brevíssima e modesta nota para sugerir a todos os meus amigos facebookianos para não perderem este magnífico espectáculo assim que possam. Em Lisboa, as próximas sessões serão no Auditório Carlos Paredes, em Benfica.

Teatro político? Sim, e posto em cena com muita inteligência e qualidade - no texto de António Santos (gostaríamos de o ter!), na encenação de Mafalda Santos, na interpretação de André Levy (acompanhado de algumas grandes vozes do palco ou do áudio-visual).

Com o grande mérito de falar de acontecimentos importantíssimos na História da Humanidade, mas sobre os quais os poderes instituidos ligados ao capitalismo fazem cair uma cortina de silêncio, não vão os Povos porem-se a pensar. 

Sobre a Revolução de Outubro, sobre Vladimir Ilich Ulianóv (Lenine) e outros revolucionários. 

Lénine surge-nos nesta peça como um revolucionário de corpo inteiro, isto é, que não esconde a sua condição humana, o que o torna um ser extraordinário, por quem sentimos uma enorme admiração e simpatia.
A peça, que imagina uma viagem, nos tempos actuais, a Lisboa, do grande dirigente revolucionário, tem vários momentos emocionantes, muito por mérito da encenação e da interpretação. Um dos que suponho que mais toca os espectadores é o da celebração que Lénine e a sua companheira Najda Kroupskaia, fazem no 73º dia da Revolução de Outubro, dia em que ultrapassa a duração da Comuna de Paris. Julgo que ninguém que sonha com um Mundo melhor deixará de se emocionar. A Revolução haveria efectivamente de durar muito mais, algumas décadas, marcando decisivamente a História da Humanidade como um dos seus momentos mais altos, por ser a primeira vez, enquanto durou, que os trabalhadores tomaram nas suas mãos de uma maneira consequente o seu destino.

A NÃO PERDER!

(publicado originalmente no facebook)



MARATONA CINÉFILA - LA COMMUNE, DE PETER WATKINS




A Cinemateca exibiu, ainda no âmbito do DOCLISBOA, A COMUNA (LA COMMUNE), do cineasta inglês Peter Watkins. 

Uma tentativa de fazer um filme sobre um dos momentos mais importantes da História da Humanidade, a Comuna de Paris, utilizando meios modernos para descrever os acontecimentos iniciados a 18 Março de 1871, como se nesses tempos, há um século e meio, já houvesse meios audio-visuais como a rádio e a televisão para fazer reportagens em directo sobre o que ia acontecendo em Paris quando o povo se revoltou e tomou o poder na cidade.

São 345 minutos, quase seis horas de cinema, praticamente consecutivos. Para quem tiver resistência (eu já tive e não seria o meu recorde). Agora resta-me rever no pequeno ecrã. De visão anterior considero que a obra merece ser vista (em breve voltarei aqui a ela)

Em minha opinião, se a ideia era mostrar esta magnífica obra ao máximo de espectadores possível então faria sentido exibi-la em mais de uma sessão. Assim só os cinéfilos, e nem todos (como eu, por razões físicas) a verão.

A propósito não quero que julguem que considero as cinematecas apenas como locais onde temos oportunidade, às vezes, de ver as obras de Cinema mais amadas. Obviamente que não. São muito mais que isso, locais de estudo e possibilidade de ver obras esquecidas ou redescobertas. Essa é aliás a sua função mais importante. 
Mas já que se fala em obras muito amadas claro que há sempre meia dúzia que queríamos rever. 

Este mês por exemplo ainda vamos ter "Underground" (Kusturica), "Les 400 Coups" (Truffaut) ou o inesquecível "Os Contos da Lua Vaga" (Mizoguchi)!!! E já passaram "As Vinhas da Ira" (Ford), e o "Dr.Strangelove" (Kubrick).






CINEMA CUBANO REVOLUCIONÁRIO - SANTIAGO ALVAREZ

Três documentários do grande cineasta cubano, Santiago Alvarez, realizados nos primeiros anos da Revolução Cubana.

Vistos no DOCLISBOA / CINEMATECA PORTUGUESA, no Ciclo de Cinema Cubano 

CERRO PELADO (1966) - A vitoriosa participação de Cuba nos X Jogos Desportivos Centro-Americanos, apesar da tentativa de o impedir por parte dos norte-americanos. 
Cerro Pelado é o nome do navio onde a comitiva viaja e onde são filmadas algumas das grandes cenas da obra. 
O regresso a Cuba, depois dos espectaculares resultados dos atletas cubanos e o encontro com Fidel Castro é emocionante.
Alguns só conseguem  ver lamentavelmente nesta magnífica obra principalmente propaganda. É uma questão ideológica, de direita,  de quem não consegue aceitar a realidade quando ela não convém às suas ideias. 

HANOI MARTES 13 (1967) - sobre a heróica luta do povo vietnamiano, conduzida pelo Partido Comunista dirigido por Ho-Chi- Minh. A obra filmada em grande parte no Vietname atacado pelos EUA. Impressionante documento da violência sobre populações indefesas e da luta tenaz de todo um povo contra o agressor imperialista.

HASTA LA VICTORIA SEMPRE (1967) - Uma grande e bela homenagem ao heróico revolucionário, Che Guevara, a quem a Revolução Cubana tanto ficou a dever, realizada depois da sua morte, assassinado pelas tropas governamentais  na Bolívia. 









EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA DE JOSÉ ESCADA



Um dos grandes pintores portugueses, prematuramente desaparecido (1934-1980). 
Os cravos de Abril, ocupam um lugar de destaque na sua obra, que pela multiplicidade de meios utilizados nos fascina.





"A Colecção Moderna apresenta a primeira exposição retrospectiva dedicada ao pintor José Escada (Lisboa, 1934-1980), dando a conhecer um artista que desenvolveu uma obra singular, num vai e vem constante entre abstracção e realismo" (na Fundação Calouste Gulbenkian)



DR. STRANGELOVE, DE STANLEY KUBRICK


DR.STRANGELOVE OR HOW I LEARNED TO STOP WOORRYING AND LOVE THE BOMB (Dr. Estranhoamor)



Um dia depois das eleições nos EUA, cujo resultado surpreendeu a maioria, com a vitória de um candidato extremamente reaccionário e muito perigoso, também pelo seu populismo fascizante e completa inexperiência política, Donald Trump, a Cinemateca Portuguesa exibiu, embora já o tivesse programado há muito, uma das principais obras-primas de Stanley Kubrick (Manhattan 26-Jul-1928 - 7-Mar-1999), o famoso DR.STRANGELOVE OR HOW I LEARNED TO STOP WOORRYING AND LOVE THE BOMB (Dr. Estranhoamor), estreado em 1964. 

Porém este grande filme foi proibido em Portugal pelo fascismo e só viria a ser exibido uma década depois, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.

Com um genial actor inglês, Peter Sellers (Southsea, Hampshire, Inglaterra 1-Set-1925 - 24-Jul-1980), em três papéis principais (o presidente norte-americano, o Dr.Strangelove, um estranho e diabólico cientista cujo passado vem da Alemanha nazi, que agora trabalha para os EUA e o oficial britânico Mandrake que é adjunto do general Jack D.Ripper (nome que é uma alusão ao assassino em série, Jack O Estripador), Ripper que sofre de paranóia, problemas sexuais e acaba desencadeando uma agressão nuclear à União Soviética, papel desempenhado por outro grande actor norte-americano, Sterling Hayden, actor que todavia ficaria marcado por ter falado e denunciado camaradas do partido comunista em que militou, perante o comité das actividade anti-americanas dirigido pelo senador McCarthy. Todavia Hayden, ao contrário de outros denunciantes (Elia Kazan, Edward Dmytryc, Cecil B.de Mille) sempre lamentaria amargamente não ter conseguido resistir à repressão, e acabado por falar (curiosamente neste filme o tema das revelações arrancadas através da tortura é abordado pela personagem Ripper, que Hayden desempenha magistralmente).

A obra é uma sátira magistral à Guerra Fria e aos altos quadros militares norte-americanos, com cenas de antologia.

Esta exibição teve na habitual folha da sessão um excelente texto do antigo programador e depois director da Cinemateca, João Bénard da Costa (sem data).