Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TRILOGIA DE APU, de Satyajit Ray

MEMÓRIA DE GRANDES OBRAS (1)

O MELHOR de CINEMA e de OUTROS EVENTOS de CULTURA em 2006

Nº 36/06_10SET06

Conforme já várias vezes escrito, estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida exclusivamente aos amigos, e não são CRÍTICA DE CINEMA! Muito menos de Teatro…
 
"Pather Panchali" (A Balada da Estrada), de Satyajit Ray, ÍNDIA, (1953) ***** (5)
 
O primeiro dos filmes da famosa "Trilogia Apu", uma das obras-primas da cinematografia mundial, presente em quase todas as listas dos melhores filmes de sempre. Premiado com a Palma de Ouro em Cannes, em 1955.
Para mim será, juntamente com os outros dois que constituem a trilogia que tem o nome do seu principal personagem – Apu, dos mais belos filmes de sempre, e por vezes tão emocionantes, por nos fazerem lembrar a realidade que nos cerca, e, às vezes, a nossa própria, que não se conseguem ver sem que um nó nos aperte a garganta.




Não vos vou recontar a história, apenas lembrar que o primeiro filme fala da infância de Apu, um garoto nascido numa remota aldeia da província de Bengala, que vive com os pais muito pobres – Sarbajaya, a mãe, e Harihar, o pai (que à noite escreve peças de teatro, depois do trabalho mal pago, ou nem isso, porque lhe ficam a dever salários em atraso, que tem receio de reclamar por temer que o despeçam), com a irmã um pouco mais velha, Durga, e uma tia avó muito idosa, e narra-nos o início da difícil aprendizagem da vida em tais circunstâncias, e terminando este episódio com a partida de Apu com os pais, depois da morte da irmã e da tia, para Benares.
Cinematograficamente muito belo, por vezes de um lirismo extremo, a que a música do grande compositor indiano Ravi Shankar sublinha admiravelmente, utiliza com mestria a elipse (o nascimento de Apu, a morte de Durga, por exemplo) sem que se perca a continuidade da narração, como muito bem acentua José Manuel Costa, na respectiva folha da Cinemateca.
Existem momentos no filme, repito, dos mais belos da história do cinema – a cena da corrida dos dois miúdos através dos campos para verem passar o comboio, a passagem pela aldeia do vendedor de guloseimas, a tempestade, o regresso do pai, a cena em que Apu encontra o colar desaparecido. Para isso também contribui e muito a excepcional interpretação, em especial das duas figuras femininas principais – Sarbajaya (a mãe) e Durga (a filha), que são aliás as figuras nucleares deste primeiro capítulo da história de Apu. ("A primeira é o início da atenção privilegiada de Ray à mulher "no casal" – tema dele, tema indiano e tema oriental – através duma personagem que é já o reduto mais sólido de nobreza familiar", José Manuel Costa, na Folha da Cinemateca).
Só para finalizar lembrar que Satyajit Ray (1921-1992), nascido em Calcutá, viria a iniciar o seu percurso no cinema como colaborador de outro grande mestre, Jean Renoir, na preparação de outra obra prima de sempre "The River" (O Rio Sagrado), que o cineasta francês filmou também em Calcutá.
Muito mais tarde, em fim de carreira, Ray haveria de filmar, como sempre magistralmente, "A Casa e o Mundo", baseado no famoso e inesquecível romance homónimo do grande escritor indiano Rabindranath Tagore, filme que teve exibição comercial em Portugal (e então vimos) mas que passou aqui quase ignorado!...
Os dois filmes que completam a Trilogia Apu, e ainda se possível superiores a este, vão ser exibidos este mês na cinemateca (a 16 e 23), mas também legendados em francês!...



   

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