25 de Junho, O CONTRABAIXO (1980), de Patrick Süskind, dramaturgia e encenação de António Mercado, interpretação de António Fonseca, pel' O Teatrão, visto no Auditório Lourdes Norberto, Linda-a-Velha
Brilhante interpretação, num sedutor espectáculo, entre a palavra. a música e a representação, tendo como personagem, principal e única em palco, um ignorado músico de orquestra.
4 de Julho, ESCREVER, FALAR, de Jacinto Lucas Pires, encenação de Jorge Silva, interpretação de João de Brito e João Pedro Dantas, pelo Teatro dos Aloés, no Teatro Estúdio António Assunção, Almada
Uma avalanche de palavras, ideias, sons, caem sobre cada espectador e "amarram-no" à cadeira. Chame-se-lhe ensaio teatral ou outra coisa qualquer mas a verdade é que nos fascina pela inteligência do texto. É um personagem, são dois, são mais? A imaginação do espectador acabará por decidir (se for capaz). Suscita o desejo de uma nova visão.
6 de Julho, E OS TEMPOS MUDAM..., com canções e textos de Bertold Brecht, encenação de Manfred Karge, pelo Berliner Ensemble, no Palco Grande do 32º Festival de Teatro de Almada
Foi um dos grandes momentos do festival deste ano. Suponho que o maior!
Foi no dia do BERLINER ENSEMBLE, a companhia criada em Berlim por Bertold Brecht (1898-1956), em 1949 pouco depois de regressar do exílio a que foi obrigado devido às perseguições que o nazismo lhe moveu. Fundada em Berlim, na RDA (Alemanha Democrática).
Esta companhia apresentou, com encenação de Manfred Karge, uma belíssima homenagem ao seu fundador através de 26 canções e 1 texto escolhidas em obras de Brecht, a que deu o nome, baseado numa delas, E OS TEMPOS MUDAM... (da peça Schweyk na Segunda Guerra Mundial).
Este espectáculo havia sido estreado em 2014, em Paris.
No Auditório do Palco Grande, ao ar livre, cerca de 8 centenas de espectadores aplaudiram esta maravilha de composição e interpretação.
Brilhante!
9 de Julho, AS FACES DE PESSOA, de Judite Lima, com encenação de Armando Caldas, pelo Intervalo Grupo de Teatro, no Auditório Lourdes Norberto, em Linda-a-Velha
Gostei muito desta bela homenagem ao Poeta (1988-1935), que tem uma obra genial que nos toca a todos. Apesar do eu muito presente, a sua obra é de um universalismo e complexidade admiráveis, que distribuiu pelos seres que criou (heterónimos).
A leitura e interpretação dos poemas de Fernando Pessoa e de textos de José Saramago (de "O Ano da Morte de Ricardo Reis) é magnífica, pelos actores consagrados mas também pelos mais jovens. Não me importarei de rever se conseguir.
"A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas, hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou."
"(...), tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Não percam no próximo Outono, quando for reposto no mesmo teatro.
Uma nota pessoal:
Um dia houve alguém que me contou que os familiares tinham sido os patrões de Pessoa e se referiam a ele como "o bêbado". Eis como a alta burguesia, medíocre e arrogante, na sua veneração ao deus dinheiro, trata os que explora, ignorando-os e desprezado-os como seres humanos. Por acaso este ser humano era um Génio, mas isso eles nem sequer compreenderam, na sua insignificância de gente rica, estúpida e ignorante! Nem, lamentavelmente, o descendente...
Questões de classe!
(continua)
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