A Semana Cultural de 2016, do Intervalo Grupo de Teatro, no seu 47º ano de actividade, que inclui o 1º Acto, teve ontem mais uma sessão, magnífica, com a homenagem a uma grande actriz, Alexandra Lencastre, cujos desempenhos, no teatro, no cinema e na televisão, muitas vezes nos tocaram profundamente pela sua rara qualidade. Por isso gostámos muito de a ver, com o seu eterno ar jovem, de quem não se leva muito a sério.
Só gostava de lembrar, entre as suas muitas participações no cinema, algumas pela mão de grandes realizadores, as três magníficas obras que protagonizou.
Em "O Delfim" (2002), de Fernando Lopes, que embora seja uma obra na minha opinião relativamente falhada em relação à obra-prima literária do José Cardoso Pires, atingiu na representação, de Alexandra e seus companheiros de elenco, um grande fulgor.
Em "A Mulher que Acreditava ser Presidente dos EUA" (2003), uma jóia de humor sarcástico na filmografia de João Botelho. O tema obviamente valeu-lhe ser desancado pela crítica neoliberal, caninamente subserviente em relação ao patrão (deles) norte-americano. Alexandra foi admirável no papel principal.
Em "Lá Fora" (2004), de Fernando Lopes, que foi lamentavelmente menosprezado pelo mesmo sector da crítica, a qual infelizmente é dominante, mas é em minha opinião uma das grandes obras daquele notabilíssimo cineasta. A interpretação, uma vez mais de Alexandra e de quase todos os participantes, é magnífica.
Alexandra participou também no elenco daquele que é, para mim, um dos grandes filmes portugueses de sempre, "Os Mutantes", de Teresa Villaverde.
No Teatro, relembrar principalmente os desempenhos em obras famosas de Tennessee Williams e Tcheckov, onde foi extraordinária.
E tem ainda uma carreira à frente!
Quem melhor poderíamos ter para acompanhar esta actriz que um dos grandes intérpretes da Música Portuguesa, dos maiores que temos e tivemos.
Foi mais um concerto de Camané, que num espaço intimista como é o do Anfiteatro Lourdes Norberto, mais uma vez completamente cheio, em companhia daquela gente do Intervalo Grupo de Teatro, que respira fraternidade, com o seu director e encenador Armando Caldas à frente (e eu gostaria de poder citar o nome de todos), Camané chega ainda com mais intensidade à sensibilidade e ao coração dos espectadores. Não conheço outra sala que seja superior a esta nesse aspecto.
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