Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 23 de março de 2010

A SERIOUS MAN, de Ethan e Joel Coen

-->
“A SERIOUS MAN” (Um Homem Sério), de Ethan e Joel Coen, (EUA), **** (4)

A não perder esta comédia, escrita e realizada pelos manos Coen, passada nos meios judeus askhenazes do “Midwest” norte-americano (Minnesota), que eles conhecem bem, já que é desse meio que são oriundos.
Mesmo para um “goy” como eu (pejorativamente, alguém que não segue a religião judaica), esta obra vê-se com um sorriso constante, ante as “perseguições” do destino contra o sério professor universitário, de Matemática, Lawrence (Larry) Gopnick (grande interpretação de um actor de teatro, Michael Stuhlbarg), que incluem tentativa de corrupção por parte de um aluno reprovado, adultério que envolve um amigo com a mulher de Larry, um irmão alienado, apaixonado pelo jogo, etc, etc.
A obra passa-se entre real e onírico, nos anos 60 do século XX, onde estão presentes os complexos e frustrações resultantes dos medos e receios dos judeus da diáspora, perante o racismo e os seus extremos - Inquisição e Holocausto, concebidos pelas mentes perversas formadas pela outra grande religião concorrente no mundo ocidental (Larry sonha que o vizinho fascista abate a tiro o seu irmão e iria matá-lo também a ele se o pesadelo não terminasse abruptamente como todos os pesadelos, cena que começa aliás quase comicamente, com a fuga do alucinado irmão para o Canadá, de canoa, através dos grandes lagos!).
Em especial, as cenas com os rabis são de uma ironia e comicidade ao nível do melhor que os Coen têm concebido no cinema. Tal como as conversas com o membro do Conselho da Universidade, que irá julgar as candidaturas a professor catedrático.
Existe no filme uma cena que irá ficar certamente na antologia do melhor dos Coen, por ser paradigmática do seu estilo, que é a do quadro negro, onde Larry escreve as equações necessárias às suas demonstrações matemáticas, que de repente surge com a dimensão de um enorme ecrã.
Um prólogo estranho abre a obra, despertando o espírito do espectador para o que se vai seguir.
E o filme termina, no genérico (que infelizmente quase ninguém vê, por desinteresse a maior parte das vezes – e nunca me esqueço da “sumidade” que uma vez ouvi dizer - mas vocês ficam a ver isso?), com o aviso: “nenhum judeu sofreu durante a realização do filme”. Suprema ironia destes dois Mestres do Cinema contemporâneo.
A não perder para os que gostam de Cinema, indiscutivelmente muito mais interessante que a maioria do que está exibição (excluindo obviamente Scorsese e a sua magnífica “Shutter Island”, o Tim Burton e a sua “Alice”, Eastwood e o regresso ao seu melhor, com “Invictus”, Woody Allen com mais uma pequena jóia "Whatever Works" ou Lee Daniels e a sua maravilhosa "Precious", não falando na obra-prima, europeia, "O Laço Branco", de Michael Haneke).
**** (4)

Sem comentários:

Enviar um comentário