Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

IO E TE (EU E TU)



IO E TE (Eu e Tu), de Bernardo Bertolucci (Parma, 16-Mar-1940)

Já sabem que não sou crítico de cinema ou de outra coisa qualquer (nem quero ser) e que estas pequenas notas não passam disso mesmo, notas de gosto, embora gostasse de ter conhecimentos de cinema, para além dos do mero espectador, que às vezes gosta muito do que vê no grande (e também no pequeno, por muito limitado que seja) ecrã, que me permitissem ir mais longe do que daquilo que intuo e me prende a atenção, para poder concretizar as razões desse gosto, em termos da linguagem específica desta arte. 

Tudo a propósito da última obra de um mestre da Sétima Arte, também poeta, mal amado da crítica mais conservadora (e já não falo dos que, acriticamente, se deixam inflenciar por ela...).

É que “IO E TE” (Eu e Tu) (2012) é mais um grande filme de Bertolucci, de que não víramos mais nada depois dessa obra-prima que era “OS SONHADORES” (2003). Foi aliás exibido em Cannes, em 2012. 

O difícil crescimento dos jovens adolescentes, num mundo em que se perderam algumas (muitas) referências, entre elas a família. Uma visão admirável e inesperada, numa linguagem de uma grande fluidez, que só os grandes cineastas conseguem atingir, que nos prende àquela cave, do prédio onde habita com a mãe, Lorenzo, um jovem adolescente de 14 anos. Mãe que o julga numa excursão à neve organizada pela escola que frequenta. Cave onde ele se refugia, procurando assim afastar-se do mundo que o inquieta. Felizmente para ele não o conseguirá e verá que há outros problemas em seu redor, cujo conhecimento o fará crescer.

Sem dúvida um dos filmes vistos neste ano de 2013 de que mais gostei e que vou considerar no meu balanço anual, embora, por razões várias (a saúde também) me tenha reduzido apenas à visão de quase tudo o que considerava essencial, pelas referências que me chegaram dos críticos de cinema que me merecem crédito.

Sobre BERNARDO BERTOLUCCI (Parma, Itália, 16-Mar-1940) só gostava de referir, para quem não sabe ou não se lembra, que foi ele o autor de “O ÚLTIMO TANGO EM PARIS” (1975) e “1900” (1976), entre mais alguns, já que a sua obra não é longa, e que são indiscutíveis obras-primas do cinema no século XX, mas que talvez justifiquem algumas das razões porque é olhado com desagrado por mentes mais retrógradas, que sistematicamente o tentam desvalorizar.

Não percam, se puderem!

Adenda: Depois de escrito este pequeno texto e a propósito de grande versus pequeno ecrã, leio numa revista de cinema (“Positif”) a seguinte afirmação de Alain Resnais, em 2006 (!) aquando da estreia do seu “Coeurs”, num editorial cujo título é justamente “Grandes filmes, pequeno ecrã”

“Em algumas séries de televisão (e cita algumas) considero a sintaxe cinematográfica mais rica e mais inventiva que na maioria dos filmes feitos para o cinema.” 

É verdade! Mas para mim a grande questão continua a ser a perda da qualidade em relação à projecção em grande sala, não só em termos de qualidade de imagem mas também de som, mas principalmente do acto colectivo de ver cinema e da magia da sala escura. 

Vão-me dizer que, no sentido em que a sociedade caminha na actualidade, principalmente nos países ditos mais desenvolvidos, com a panóplia de meios tecnológicos surgidos nas últimas décadas, essa perda é irrecuperável e o cinema em grande ecrã acabará por ficar confinado, num futuro provavelmente não muito longínquo, para um pequenos sector de público mais exigente. Talvez. Mas não deixo de o lamentar. 

(publicado no facebook, em 15-Out-2013)




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