THE
MONUMENTS MEN (OS CAÇADORES DE TESOUROS), de George Clooney
O argumento prometia: a
tentativa de salvar milhares de obras de arte
das mãos dos nazis alemães, as que tivessem escapado à destruição
sistemática que os nazis haviam feito. Operação de resgate levada a cabo por um
comando designado por “The Monuments Men”, na fase final da 2ª Grande Guerra
Mundial (1938-1945), quando os exércitos alemães já recuavam, acossados pelos
exércitos libertadores.
Embora parcialmente este
objectivo tivesse sido conseguido, nunca
esqueceremos que os fascistas, para além dos crimes contra a Humanidade
cometidos, que resultaram no extermínio programado de milhões de pessoas,
destruíram também milhares de obras, algumas das quais obras-primas do
património universal, apenas porque não lhes agradavam os autores ou porque,
segundo o gosto dessa gente - conservador,
tosco, medíocre, seriam, para eles “arte degenerada”... E algumas dessas obras
só escaparam porque os fascistas pretendiam
fazer dinheiro com a sua venda a coleccionadores...
Também nunca
esqueceremos que o governo português de então, conduzido por um católico, o
fascista Salazar, se tornou coo-responsável, pelo apoio dado aos regimes
fascistas, a começar por Espanha e parte do ouro roubado às vítimas do
extermínio (Holocausto) terá vindo parar ao Banco de Portugal.
Mas o filme não se vê
com a emoção que o tema deveria suscitar para quem ama a Liberdade e a
Democracia, e uma das razões, em minha opinião, é porque por vezes é algo
ambíguo, surgindo aos olhos dos espectadores, quase como uma “americanada”, em
que a competição nesse resgate, passa depois a ser com o Exército Vermelho. E a
ambiguidade principal da obra reside no facto de a acção decisiva da URSS na
derrota dos nazis ser escamoteada, o que para um público desinformado passa
como fazendo parte do discurso oficial... mesmo não o sendo. E, curiosamente, do
comando que procura resgatar as obras de arte da posse dos nazis, afinal os
mortos foram europeus... como não deixa de sublinhar o argumento.
“The Monuments Men”
está longe da grande qualidade da obra de Clooney sobre o mccarthismo, “Good
Night, and Good Luck”. E também não tem a grandeza de outras obras do género realizadas
nos estúdios norte-americanos, sobre a luta contra os nazis, como os famosos, e
magníficos, realizados por grandes cineastas, “The Dirty Dozen” (Doze
Indomáveis Patifes) (1967), de Robert Aldrich ou “Escape to Victory” (1981), de
John Huston.
A crítica ainda referiu,
como termo de comparação, a excelente série de filmes de Steven Soderbergh
“Ocean’s Eleven”, Twelve, etc, hiato de divertimento no conjunto da obra, mais
séria, deste cineasta, e desta vez concordo: a obra de Clooney, mesmo entendida
como filme de aventuras, está uns furos abaixo.
Mas obviamente é uma
obra a ver, superior ao que em geral por aí corre nos ecrãs da cidade, e até
pelas eventuais críticas que suscita no espectador.
Nota à posteriori: os recentes, lamentáveis e vergonhosos episódios da tentativa de venda clandestina dos quadros de Juan Miró, pertencentes ao património do Estado via nacionalização do BPN, venda por decisão do governo de Passos Coelho, Portas e Cavaco, fez lembrar a anti-cultura dos nazis, que está na origem do filme de Clooney, ao ouvirmos a audição e as justificações do "encarregado da cultura" deste governo...
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