Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

THE SOUTHERNER, de Jean Renoir

VISTO NA CINEMATECA

Pequena nota sobre:

THE SOUTHERNER, de Jean Renoir (1945)

Uma obra-prima raramente citada, de um dos grandes Mestres do Cinema.

Não gosto nada do título português, “A Semente do Ódio” que tem pouco a ver, parece-me, com o espírito do filme. É bem melhor o de língua francesa, “O Homem do Sul” (L’Homme du Sud).

Aliás, na magnífica crítica da folha de sessão, escrita pelo saudoso Manuel Cintra Ferreira (onde estão os bons críticos da Cinemateca de hoje?) diz-se uma coisa, com a qual concordo e que se aplica a quase toda a obra deste Mestre da Sétima Arte:

“Não há maniqueísmos (mas nunca os houve na obra de Renoir, mesmo nos seus filmes de “propaganda”!), apenas seres humanos alimentando ilusões ou com elas desfeitas, o ciclo eterno da vida que vai do nascimento à morte”.

Há um ambiente quase poético nesta tragédia, muito sulista, a crer nos grandes escritores que descreveram o Sul dos EUA e as suas gentes.

Aliás o grande William Faulkner, que colaborou com Jean Renoir nesta obra, julgo ter lido algures, considerava que Renoir tinha retratado magistralmente o sentir profundo dos pequenos agicultores do Sul, que tudo arriscam, menos a dignidade (alguns pelo menos) para cultivar um pedaço de terra sua.

Falta todavia, na maioria,  o sentimento expresso do empenhamento colectivo, do unir esforços, embora isso fosse possível, como julgo que Renoir quis demonstrar, metaforicamente,  na belíssima cena da captura do grande peixe do rio pelos dois homens desavindos, por causa de um individualismo, que é fortemente aumentado por condições de vida (e de exploração).


Uma palavra para os actores, admiravelmente dirigidos, com citação especial dos dois principais personagens, Zachary Scott (Sam) e Betty Field (Nonna) (ver foto), hoje também muito esquecidos porque tiveram carreiras curtas, devido a desaparecimentos prematuros. E para Beulah Bondi, que  é uma avó inesquecível, numa personagem muito renoiriana.


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