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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A ÚLTIMA ENCENAÇÃO DE JOAQUIM BENITE - Não basta dizer "Não"

PEQUENAS NOTAS DE UM MERO ESPECTADOR DE TEATRO (E CINEMA)

Sobre “A ÚLTIMA ENCENAÇÃO DE JOAQUIM BENITE – NÃO BASTA DIZER NÃO”, de CATARINA NEVES

Já tinha pensado dizer aos amigos alguma coisa sobre o filme /documentário da Catarina Neves, que revi no S.Jorge, integrado no XIIº DOCLISBOA. Já o tinha visto durante o último FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA e gostei tanto que me apressei então a recomendar aos amigos, como o voltei a fazer agora, assim que soube que ia ser exibido neste incontornável festival de cinema documental.

Entretanto esta obra ganhou o PRÉMIO DO PÚBLICO do DOCLISBOA. Tinha confidenciado, a quem me acompanhava, que esta obra mereceria as honras de Sessão de Encerramento. Compreendo que talvez não tivesse acontecido dada a presença do cineasta iraniano Mohammed Rasoulof, que o DOCLISBOA queria homenagear de uma maneira especial.

Alinhavei meia dúzia de notas, que gostava de transmitir aos meus amigos.

Primeiro lembrando uma frase que subscrevo, ouvida a um espectador, no final do pequeno debate que se seguiu à projecção, de que “é uma obra que ficará para a História do Teatro em Portugal”. 

O filme não é um elogio fúnebre e ainda bem. É um testemunho sobre uma vida dedicada à Arte, ao Teatro em particular, que serve de exemplo para os que chegam porque mostra os métodos de trabalho e as opiniões de um grande homem de teatro, que tem uma obra, em que, pelo menos eu, não encontro dissonâncias. Fez sempre o tipo de teatro de que mais gostamos e que, pessoalmente, achamos mais importante, sem cedências de qualquer espécie ao populismo ou ao mau gosto, atingindo não poucas vezes níveis elevadíssimos de qualidade artística. De acordo aliás com as ideias que tinha e defendia para a sociedade, de acordo com a sua militância comunista, sempre sem preconceitos nem dogmatismos.

O filme ilustra o que foi o trabalho de Joaquim Benite e da equipa que o rodeava ( e que felizmente continua) e conseguiu fazê-lo de uma maneira tão admirável que não se esgota numa única visão. Quando saí da sessão confesso que não me importaria de o voltar a rever logo a seguir (e já seria a terceira visão...).

A Catarina Neves disse no final da projecção que a sua ideia inicial, aliás com o acordo do Joaquim Benite, seria o de fazer com ele uma longa entrevista. Se por um lado temos pena que não tivesse podido também fazê-lo, por outro o filme que fez é uma obra rara sobre o trabalho teatral, de grande autenticidade, mas sempre feita com grande respeito pelos intervenientes, conseguindo, sem grandes alardes ou palavras, dar-nos um retrato do Homem, de quem até as crianças, os seus três netos, nos dão, e muito bem, o seu testemunho.

Lembrei-me, no final da projecção, da frase de Álvaro Cunhal, “A deificação dos mortos é uma desencorajadora subestimação do papel dos vivos”, citada por José Barata-Moura, na intervenção que fez há dias na homenagem a Álvaro Cunhal, no Intervalo Grupo de Teatro. E lembrei-me porque o belíssimo filme de Catarina Neves é antes, em minha opinião, uma ponte para o futuro. Uma transmissão do trabalho de alguém que se distinguiu, que muitos admirávamos como artista e como cidadão. E esse é para mim um dos aspectos mais admiráveis deste filme/documentário. 

Gostaria de continuar porque haveria muito mais a dizer mas agora vou ficar por aqui, apenas com uma recomendação aos meus amigos (e não só...):

Não percam quando puderem!


Foto feita por mim na homenagem a Joaquim Benite, realizada em 2013 na Festa do Avante!

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