Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

domingo, 10 de novembro de 2013

NA SEMANA CULTURAL DE 2013, DO INTERVALO GRUPO DE TEATRO

Na Semana Cultural de 2012 assisti praticamente a tudo. Este ano, infelizmente, apenas pude estar presente na última sessão, até porque teria um desgosto se não tivesse lá estado pelo menos uma vez.
Não foi no Auditório Lourdes Norberto, Linda-a-Velha, onde é a casa habitual do Intervalo Grupo de Teatro, mas no Auditório Ruy de Carvalho, no Centro Cívico de Carnaxide. 
Foi a homenagem do Intervalo a Álvaro Cunhal (Coimbra, 10-Nov-1913 - Lisboa, 13-Jan-2005), no ano do centenário do seu nascimento, que se tem vindo a comemorar desde o início do ano (e vai continuar), em geral por iniciativa do seu partido, o Partido Comunista Português.
Mas desta vez foi um grupo de teatro, de que tanto gostamos, que resolveu incluir também uma homenagem, na sua Semana Cultural, que se realiza há cerca de 30 anos, julgo que sem interrupção e por onde têm passado grandes figuras da nossa Cultura.
Aliás Armando Caldas, o director e encenador principal do grupo, contou nesta sessão como convidou Álvaro Cunhal para participar (que logo aceitou), juntamente com os dirigentes dos principais partidos portugueses, numa sessão comemorativa do 25º Aniversário do Intervalo (fez este ano 43, salvo erro) e como ela acabou por não se poder realizar por ausência dos outros convidados, que aliás haviam anuído previamente...
Mas, voltando à sessão de anteontem, a que assistimos, queremos dizer que gostámos muito.
É que Armando Caldas, com a sua inteligência e sensibilidade, organizou uma sessão que primou pela sobriedade, mas de uma qualidade superior.
Onde a habitual intervenção sobre o homenageado da noite, desta vez, em homenagem infelizmente póstuma, foi entregue a José Barata Moura, filósofo e intelectual multi-facetado, que vai desde a cátedra universitária (passando também pela responsabilidade durante alguns anos da Reitoria da Universidade), à obra escrita, em que avulta a tradução e estudo de Marx e Lenin, até à música, como autor e cantor, com especial relevo para os seus trabalhos para a infância. 
Escusado será dizer que a intervenção foi brilhante, combatendo preconceitos sobre o homenageado, sobre o seu pretenso dogmatismo, mostrando, até com citações de Álvaro Cunhal, como ele analisou a situação política do país e não só, com incursões históricas também, à luz do Marxismo, que continua a revelar toda a sua superioridade como teoria de análise da realidade. E referiu também a componente artística de Álvaro Cunhal, os seus trabalhos, brilhantes, nos campos da literatura, pintura e desenho e, o que nos toca profundamente, referindo uma vez mais a sua ausência de dogmatismo também relativamente à Arte, no seu trabalho "A Arte, o Artista e a Sociedade".
O momento de música que completa estas homenagens não podia ficar melhor entregue! Foi o Coro Lopes-Graça, da Academia de Amadores de Música, dirigido pelo maestro José Robert, com as Canções Heróicas, que foram proibidas durante o fascismo salazarista, e escritas por alguns dos grandes poetas portugueses. 
Foi por vezes emocionante e até comovente, com o grande final, à capella, de "ISTO VAI, MEUS AMIGOS ISTO VAI", de Ary dos Santos e "ACORDAI", de José Gomes Ferreira. A genial música de Fernando Lopes Graça, foi tocada, magnificamente, pelo pianista Fausto Neves. 
Tenho pena de não ter levado a maquineta no bolso para registar esses momentos finais (embora sem som), com a fotografia do homenageado em fundo e os artistas em palco e o público de pé, aplaudindo longamente!

Fica aí o programa que ouvimos, embora o alinhamento fosse ligeiramente diferente:

Oito canções heróicas para Coro e piano – música de Fernando Lopes-Graça

1. Gafanhoto caracol (poesia de Mário Dionísio)
2. Canção campista (poesia de José Gomes Ferreira)
3. Canção do camponês (poesia de Arquimedes da Silva Santos)
4. Mãe pobre (poesia de Carlos de Oliveira)
5. Ó pastor que choras (poesia de José Gomes Ferreira)
6. As papoilas (poesia de José Gomes Ferreira)
7. Ronda (poesia de João José Cochofel)
8. Quando a alegria for de todos (poesia de André Varga)

II parte

Oito canções heróicas para Coro e piano – música de Fernando Lopes-Graça

1. Canto do Livre (poesia de Soares de Passos)
2. Cantemos o novo dia (poesia de Luísa Irene)
3. Exaltação (poesia de Miguel Torga)
4. Canto de esperança (poesia de Mário Dionísio)
5. Canção de maio (poesia de Joaquim Namorado)
6. Combate (poesia de Joaquim Namorado)
7. Canto de Paz (poesia de Carlos de Oliveira)
8. Jornada (poesia de José Gomes Ferreira)

Duas canções heróicas (à Capella) – música Fernando Lopes-Graça

1. Isto vai, meu amigos isto vai (poesia de Ary dos Santos)
2. Acordai (poesia de José Gomes Ferreira)

Piano - Fausto Neves.
Direcção - Maestro José Robert.


Obs: Retirei a foto publicada do mural do Intervalo Grupo de Teatro, com os meus agradecimentos


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