Uma adaptação de um belo romance de José Saramago, que em 2003, segundo a "Publish Trends", foi o quinto livro mais vendido no mundo.
Os méritos da obra literária já são conhecidos. Valerá a pena reler o que sobre ela escreveu o próprio autor em "A Estátua de Pedra" (pág 41) ou as referências à mesma, no mesmo título (pág 50), de Fernando Goméz Aguilera, o programador da mais bela das exposições que conheço sobre o nosso Nobel, "A Consistência dos Sonhos", em 2008, no Palácio da Ajuda. Quase que tenho vontade de transcrever mas deixo-o aos interessados.
Pessoalmente só queria deixar expresso o quanto me interessa a maneira como o grande escritor revisitou os grandes mitos da natureza humana, como aqui o do eu e do outro, e de como as coisas se podem complicar se o outro se transforma, pelo menos nalguns aspectos, no eu que somos. É um tema que sem dúvida fascina quase todos os seres humanos e que Saramago nos deu com a mestria e inteligência habituais.
A adaptação de mais esta obra brilhante de Saramago é de Denis Villeneuve, um cineasta canadiano, do Quebec, de que havíamos visto, ainda não há muito, um excelente PRISONERS (Raptadas), inquietante thriller sobre o desaparecimento de crianças, por rapto ou assassinato, em crimes de índole sexual, como a pedofilia, ou de tráfico de órgãos e o perigo que representam os que pretendem fazer justiça pelas próprias mãos, tornando-se tão criminosos, ou mais, que aqueles que querem punir.
Villeneuve fê-lo bastante bem, atendendo à complexidade dum tema em que a literatura tem óbvias vantagens. Mas consegue interessar-nos e até inquietar-nos ao longo do seu filme. Julgo que Saramago teria gostado desta interpretação da sua obra.
As interpretações do conhecido Jake Gyllenthaal, acompanhado de três belas actrizes, uma delas é a famosa Isabella Rossellini, no papel da Mãe, são magníficas e não se perde até um certo erotismo subtil, muito saramaguiano. Mas para saber isso é preciso tê-lo lido...
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