Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 17 de junho de 2014

MARX NA BAIXA

MARX NA BAIXA, uma peça com tradução e adaptação de António Santos, encenação de Mafalda Santos e interpretação de André Levy - uma jovem equipa que partiu de uma peça de teatro já com múltiplas representações nos 5 continentes, MARX IN SOHO, escrita em 1999 por um multifacetado intelectual (professor, historiador, escritor, dramaturgo) norte-americano, mais concrectamente estado-unidense, Howard Zinn (24-Ago-1922 – 27-Jun-2010).


Trata-se de um interessantíssimo texto sobre um dos mais famosos e importantes revolucionários e filósofos da História da Humanidade, Karl Marx (Tréveris, Renânia, 5-Mai-1918 – Londres, 14-mar-1883), nascido alemão, de ascendência judaica, mas que se viria a transformar num cidadão do Mundo, e que dedicou toda a sua vida a estudá-lo, a tentar compreendê-lo e ao sistema capitalista e seus mecanismos de exploração dos trabalhadores. E o que haveria a fazer para combater esse sistema económico predador dos homens, nos seus efeitos perversos e depois para o erradicar. 

Mais de um século depois Marx continua a ter toda a razão, quer na sua análise científica, quer nas soluções que preconizou (obviamente que os que defendem a exploração, ou os que são pagos, em geral principescamente, para o fazer, dizem o contrário, quase sempre sem argumentos, que aliás dependem também do ponto de vista da classe social de onde são aduzidos).


Apesar do seu carácter eminentemente político, a peça prende irresistivelmente os espectadores, até porque nos põe perante um Marx (André Levy magnífico) que não só nos fala do nosso tempo como se apresenta como um homem com os problemas de qualquer ser humano, a despeito da sua inteligência superior, da sua genialidade, homem que tem família, com todos os problemas que ela sempre traz, de relacionamento, de educação dos filhos, de sobrevivência, e ao mesmo tempo é perseguido e ostracizado pelos poderosos. Porém ele não se cala, nem se rende, ainda que o tentem esmagar, cortando-lhe até nos meios de subsistência económica, através do desemprego, da perseguição sistemática, do exílio forçado, e deixa-nos uma obra admirável que o tempo não corrói, antes comprova. (**)

Há neste belíssimo espectáculo meia dúzia de passagens (cenas) que tocam muito o espectador atento. Entre eles o da Comuna de Paris, ou das reflexões sobre a religião ou as ditaduras, que talvez despertem nos espectadores o desejo, ou a necessidade, de ler (ou reler) os grandes textos de Marx.


Deve salientar-se que do espectáculo não está afastado algum humor, que o próprio Karl Marx tinha, e que nos aproxima ainda mais da figura do grande filósofo, que muitos dos seus pares consideram um dos maiores da História.

Estas são as principais razões que me levam a sugerir uma ida urgente ao velhinho Cinearte, sala onde está sediada desde há muitos anos a carismática companhia de teatro, popular no melhor sentido da palavra, A BARRACA, de Maria do Céu Guerra e Helder Costa e da sua equipa, com a sua magnífica continuadora Rita Lello, aliás Companhia também em luta pela sua sobrevivência nestes tempos de exploração capitalista feroz e acrescida e de mediocridade e incultura generalizada entre os (des)governantes. 

Marx em Lisboa, na Baixa, no país, na decrépita Europa, no resto do Mundo onde ainda não chegou, é urgente!


(*) Nota: Desculpem. Não é falsa modéstia. É que não gosto de ser tomado pelo que não sou. Para não haver confusões reitero que sou apenas um interessado cidadão e espectador de teatro (ou de cinema, ou de outras artes visuais), que gosta de sugerir aos amigos o que viu, leu ou ouviu e achou muito bom. Por isso este texto não é uma crítica de teatro, e muito menos tem pretensões de erudição, seja do que for (gostaria de ter mas não tenho...). É pois e só uma nota de gosto, o que escrevo.

(**) “Porque não te calas tu?!”, lembrei-me da frase lançada pelo tal rei asquerosamente medíocre, reinando numa corte e num país em que corrupção grassa (na própria família mais directa), sobre o que julgava ser um súbdito temeroso. Insulto baixo que os desprezíveis lacaios prontamente aplaudiram... e os presentes lamentavelmente não tiveram coragem de censurar)





2 comentários:

  1. EGAS BRANCO


    Caro Amigo,

    Os grandes homens são-no, antes de mais, porque são homens, perpassados, portanto, por todas as contradições que a todos os homens os atingem e porque não têm, normalmente, uma vida fácil e vai da maneira como às dificuldades as encaram que se tornam grandes.

    Abraço


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 18 de Junho de 2014

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  2. Caro Amigo, obrigado. Não sei se já viu a peça (não perca!). Ao ler o seu comentário lembrei-me de uma passagem da peça que os autores põem numa das falas da personagem que representa o grande filósofo Karl Marx. Quando for ver talvez dê para trocarmos mais umas ideias sobre o assunto. Um fraterno abraço

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