Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 26 de março de 2015

CITIZEN FOUR



CITIZENFOUR

Pseudónimo sob o qual Edward Snowden contactou por e-mail Laura Poitras, jornalista e autora do documentário e a partir do qual o analista informático, que havia trabalhado para a NSA e CIA, denunciou o sistema de escutas controlado pela NSA, generalizado a todas as redes a que os norte-americanos conseguem ter acesso, ou escutar, em todo o mundo, após o 11 de Setembro. 

A partir desse contacto inicial, reuniram em Hong-Kong, a jornalista, juntamente com o colega Glenn Greenwald, do The Guardian, jornal britânico, e Snowden. E Laura filma e grava os encontros donde sairá este documentário. 

Se o filme não surpreende quem conheça minimamente as enormes possibilidades da tecnologia actual da computação, neste caso quando aplicada à espionagem, acredito que seja assustador para quem o desconheça e não se tenha apercebido da dimensão sua interferência com a vida privada dos cidadãos, nomeadamente através das redes telemóveis, das redes telefónicas, da internet de uma maneira geral, em especial no correio electrónico (e-mail), nos motores de busca (google e yahoo), no facebook, no youtube, todos em geral fornecidos e controlados por firmas norte-americanas. 

Não existe privacidade nesses meios e isso é que os seus utilizadores (todos nós afinal) deveriam ter consciência. A liberdade neste mundo do Big Brother deixou de existir. Podemos ser seguidos e controlados a cada passo e gesto. Gostos e ideias dos cidadãos, desde que revelados pelo próprios nesses meios, podem ser seguidos e ficarem registados no sistema!

Por ter trabalhado desde muito cedo com meios computacionais, desde o início dos anos 70 que o sei, época em que a informática começou a ser utilizada massivamente, primeiro nas empresas e depois nas habitações, beneficiando duma enorme evolução neste quase meio século, em especial a partir da digitalização da voz e da sua armazenagem em computador, tornando obsoletas as velhas centrais telefónicas electro-mecânicas e os estúdios de rádio.

O som, qualquer que seja, incluindo o da voz humana, passou a ser convertido em sinais digitais, isto é, os que se baseiam exclusivamente em dois estados, por exemplo - há corrente ou não há, o que matematicamente se traduz pela existência de dois únicos dígitos (algarismos), o zero e o um, tornando a sua armazenagem e manipulação muito simples através da electrónica. 

Daí que os modernos computadores, com velocidades de funcionamento impressionantes, também resultantes da miniturização e integração dos seus componentes, possam identificar uma palavra, ou uma frase, das nossas mensagens ou das nossas conversas e a partir daí desencadearem processos de busca e relacionamento que permitem colocar na secretária de um qualquer agente da CIA, ou de outro qualquer agente da chamada segurança, situado não forçosamente no Pentágono, mas em qualquer outra parte do mundo, em escassos segundos, os dados mais revelantes do autor da mensagem. 

É dessas buscas também que resultam as paragens e até bloqueios de que nos queixamos quotidianamente no facebook, por exemplo, quando escrevemos determinados nomes ou substantivos. E a isso acresce a pirataria e a sabotagem informática a que também estamos sujeitos, por processos semelhantes, dos que não gostam do que escrevemos ou publicamos.

Resta dizer que o documentário merece ser visto fundamentalemente por isto, embora em termos de linguagem cinematográfica seja pobre. Mas para o fim pretendido, o de alerta aos incautos e protesto contra o devassa da privacidade dos cidadãos e até de perseguição política, não fosse necessário fazer uma obra de arte. 

Uma coisa não é dita no filme mas julgo que será o que todos os espectadores não deixarão de pensar: 

Acabar ou destruir os computadores não é possível. 

Parar a evolução tecnológica também não. 

Mas uma coisa é possível porque depende de todos nós: mudar as políticas a que estamos sujeitos nestes tempos e nos desgovernam, acabar com o sistema económico que domina a maioria das actuais sociedades humanas - o capitalismo, cada vez mais predador, em fase terminal e por isso tendendo para os extremos de mais exploração e mais violência (o estado de guerra em que vivemos em vários zonas do mundo e o perigo constante de conflitos alargados).

Essa mudança é possível e necessária, para podermos voltar a ser cidadãos com Liberdade. 





Sem comentários:

Enviar um comentário