Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 23 de março de 2016

45 YEARS (45 ANOS), de Alexander Haigh



45 YEARS, de ALEXANDER HAIGH

A propósito de um excelente filme britânico, 45 ANOS (45 YEARS), realizado por Alexander Haigh, que fala de um casal em vésperas de celebrar com os amigos o seu 45º aniversário de casamento e que inesperadamente é assaltado por recordações de acontecimentos de que nunca havia falado antes. 

Tudo admiravelmente filmado e contado, em diálogos magníficos, que nada têm a ver com a mediocridade das séries e telenovelas televisivas, britânicas ou portuguesas. 

Dois grandes actores britânicos representam muitíssimo bem as personagens do filme: Charlotte Rampling e Tom Courtenay (Sir). Vale a pena ver. 

Aos que gostam de cinema e tenham disponibilidade, sugiro a visão desta obra e depois digam-me se gostaram ou não. Eu gostei muito.


AINDA A PROPÓSITO DO FILME "45 ANOS" (45 YEARS)

Na publicação de outro dia, sobre esse belíssimo filme, não tive tempo de escrever duas ou três coisas que julgo merecerem ser conhecidas (ou relembradas).
O argumento do filme é baseado numa novela de um poeta inglês, David Constantine (71 anos), que em entrevista disse que a ideia lhe tinha vindo duma notícia que leu na adolescência, e que o tinha impressionado, sobre o corpo de uma rapariga que havia sido descoberto praticamente intacto, envolvido no gelo de um glaciar alpino. 

Constantine e posteriormente Haigh construíram histórias cujo maior interesse tem obviamente a ver com o comportamento humano a partir da memória de um acontecimento que se julgava definitivamente terminado e que um corpo conservado no gelo vem lembrar. 





Sobre a actriz Charlotte Rampling (Sturmer, Inglaterra, 5-Fev-1946), cujos trabalhos no cinema sempre nos surpreenderam pela grande qualidade, vale a pena citar a sua participação em "OS MALDITOS" (La Caduta degli Dei) (1959) de um grande mestre, Luchino Visconti, que mostra como a ascensão do fascismo, particularmente do nazismo, se deve sempre aos apoios da grande burguesia e do grande capital a esta ligado, que se servem dos extremistas para conter as lutas dos trabalhadores em situações de grande crise. 







Ou "RECORDAÇÕES" (Stardust Memories) (1980), uma das obras minhas preferidas de Woody Allen, sobre a fascinação que três mulheres exercem sobre um realizador de cinema, "O VEREDICTO" (The Veredict) (1982), de Sidney Lumet, um filme profundamente humanista de um grande cineasta, sobre a reabilitação de um homem e, entre muitos outros, um dos seus filmes mais perturbantes, "MAX, MEU AMOR" (1986), do cineasta japonês Nagisa Oshima, grande provocador num país muito tradicionalista e conservador como é o Japão, (lembremos a propósito o seu famoso "Império dos Sentidos", em que era o sexo o leif-motif). Max é um chimpanzé por quem a mulher de um diplomata se apaixona. Foi filmado em França porque no seu país talvez não fosse possível...



Mas lembrar ainda que tivemos o raro prazer de ver em palco Charlotte Rampling em Portugal, num espectáculo teatral no âmbito do Festival de Teatro de Almada, de 2010, no Teatro Nacional D.Maria II, e na altura comentei para os amigos:

“YOURCENAR/CAVAFY”, com Charlotte Rampling, concepção de Jean-Claude Feugnet

Outro espectáculo admirável (deste Festival), que deu primado às palavras, por vezes acompanhadas à guitarra por Varvara Gyra. Foram ditos textos de Marguerite Yourcenar, a grande escritora francesa e do poeta grego Constantin Cavafy, falecido em 1933. Os poemas de Cavafy foram também ditos na língua original, com a ideia de os espectadores fruírem a musicalidade dos poemas tal como o poeta os concebeu. A actriz, Charlotte Rampling, que tantas memórias cinéfilas suscita, de Luchino Visconti a François Ozon, foi extraordinária na leitura.
(Jul-2010)



ADENDA

A exibição em Lisboa de um filme (45 Years) com a Charlotte Rampling, grande actriz inglesa fez-me lembrar um dos seus filmes mais perturbantes, "MAX, MEU AMOR" (1986), do cineasta japonês Nagisa Oshima, grande provocador num país muito tradicionalista e conservador como é o Japão, (lembremos a propósito o seu famoso "Império dos Sentidos", em que era o sexo o leif-motif). Max é um chimpanzé por quem a mulher de um diplomata se apaixona. Foi filmado em França porque no seu país talvez não fosse possível...



O filme é de 1986 mas bem mais actual é a obra O TERCEIRO CHIMPANZÉ, de Jared Diamond, cuja leitura me é recomendada pelos amigos:

"Sentimos necessidade intelectual de compreender de onde viemos e para onde vamos. Todas as sociedades humanas têm profunda curiosidade de entender suas origens e respondem a esse desejo com a sua própria história da Criação, desde a explicação bíblica de Adão e Eva, que religiosamente satisfaz à maioria da população cristã, até à Lenda dos Três Chimpanzés. Esta é a história científica da nossa era.
Ela deixa claro em que lugar nos situamos no reino animal. Somos primatas, o grupo de mamíferos que inclui os macacos e os primatas antropoides: gibões, orangotangos, gorilas e chimpanzés. Somos mais similares a estes do que a aqueles, confinados ao Sudeste Asiático. Os gorilas e chimpanzés existentes e os fósseis humanos estão confinados à África.
O DNA resolveu problema no qual a anatomia falhou: as relações entre humanos, gorilas e chimpanzés. Os humanos diferem dos chimpanzés comuns e dos pigmeus em cerca de 1,6% do nosso DNA, portanto, compartilham 98,4%. Os gorilas diferem um pouco mais de nós, em cerca de 2,3%. Logo, devem ter divergido da nossa árvore genealógica antes de nos separarmos dos chimpanzés comuns e dos pigmeus. Os nossos parentes mais próximos são os chimpanzés, não os gorilas.
A capacidade de falar, que os humanos têm, mas não os chimpanzés, certamente depende de diferenças nos genes que especificam a anatomia das cordas vocais e as conexões cerebrais. Entretanto, as diferenças comportamentais entre um humano e outro estão sujeitas a enormes influências ambientais, e o papel dos genes nestas diferenças individuais é muito controverso."


(notas que escrevi na minha página do Facebook, aquando da minha visão do filme, no Cinema Ideal, Lisboa, em 5-Jan)


Sem comentários:

Enviar um comentário