Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 24 de março de 2016

HOMENAGEM NA CINEMATECA A HENRIQUE ESPÍRITO SANTO

HOMENAGEM A HENRIQUE ESPÍRITO SANTO

Dirigente cineclubista nos anos de chumbo do fascismo e depois, ainda antes que a liberdade fosse conquistada, produtor de cinema e depois nos anos da liberdade que se seguiram ao 25 de Abril. Decano dos produtores de cinema no nosso País e responsável por alguns dos melhores filmes que cá se fizeram. Uma vida dedicada à luta por um Mundo mais justo e fraterno.






Homenagem ao Henrique e à Guida (na foto no dia 30 de Abril de 1974 no Aeroporto de Lisboa, aguardando a chegada de Álvaro Cunhal a Portugal, poucos dias depois do derrube do regime fascista).



E na cerimónia de entrega do Prémio de Carreira pela Academia Portuguesa de Cinema, no Centro Cultural de Belém, em 2014.

Assistimos ao encontro com ele na Cinemateca Portuguesa, integrado no Ciclo de Homenagem que a Cinemateca organizou, onde foi referido por todos os participantes e alguns assistentes que quiseram intervir, da importância que o movimento cineclubista teve na resistência ao fascismo. Posso acrescentar que, era eu então estudante universitário - anos 50 e 60, fui dos para quem o cineclubismo, juntamente com as Associações de Estudantes, mais que a Universidade, foram fundamentais no esclarecimento da situação política no nosso País e  a nível mundial e de uma tomada de posição decisiva na luta contra a exploração e a repressão. 

Ao procurarmos nos exemplares que tenho da Seara Nova dos anos 50 as críticas que então escreveu para aquela revista de esquerda, na sua luta constante com a tenebrosa censura fascista, encontrámos uma crítica a "LONELY ARE THE BRAVES" (Fuga sem Rumo), filme dirigido por David Miller e com argumento do grande Dalton Trumbo, um dos nomes do cinema implacavelmente perseguidos pelo comité dirigido por Joseph McCarthy e Richard Nixon durante de um períodos mais fascistas da política nos EUA. Curiosamente está em exibição neste momento na nossa cidade um filme sobre Dalton Trumbo, que chegou ao ponto de ter que assinar com outros nomes os seus trabalhos em Hollywood.




Adenda:

excerto do que escrevi a propósito da sessão de homenagem a José Fonseca e Costa, realizada em 9-Out-2015, no Intervalo Grupo de Teatro, com a presença do grande realizador, embora já muito doente.
(...)

Poucos dos espectadores desta noite cultural se terão dado conta (e o homenageado só no final) da presença entre os que esgotaram o auditório Lourdes Norberto, de outro nome grande do cinema português, o decano dos produtores portugueses e às vezes também actor (como no magnífico "Tabu", de Miguel Gomes), Henrique Espírito Santo. É que ele participou nos anos 50 e 60, com José Fonseca e Costa, no movimento cineclubista, tendo ambos feito parte da mesma direcção do Cine-Clube Imagem, e pouco depois ambos seriam presos pela PIDE, acusados de "actividades subversivas", conduzidos ao Aljube, em trânsito para Caxias, onde Henrique Espírito Santo estaria  um ano e meio. Mas o fascismo não os conseguiu destruir ou amedrontar e ambos participaram nos primeiros projectos de José Fonseca e Costa no cinema, nomeadamente na curta-metragem "Regresso à Terra do Sol", realizada em Angola (1967), donde o realizador é natural, e da longa-metragem já citada "O Recado" (1971), nas quais Henrique Espírito Santo foi o Director de Produção. Ambos fariam depois notáveis carreiras, cada um na sua especialidade, e tendo o segundo colaborado nalgumas das obras do realizador, nomeadamente em "Balada da Praia dos Cães" e "Cinco Dias Cinco Noites". 






(baseado em notas que publiquei no facebook, antes e depois da homenagem na Cinemateca, em 26-Fev-2016)

Sem comentários:

Enviar um comentário