Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

LEITURA E CINEMA



LEITURAS

Foi o romance a partir do qual Antonio Skármeta escreveu o argumento para o magnífico NO, primeira grande obra do cineasta chileno, Pablo Larraín, de que víramos há dias o excelente "O CLUBE". Sobre os dias que antecederam o plebicisto preparado por Pinochet na tentativa de legalizar a sua passagem pelo poder, que começara em 11-Set-1973, com o golpe fascista apoiado pela CIA, um dos mais violentos da História, com o assassinato de milhares de chilenos, dos melhores seres humanos que aquele país sul-americano possuía, entre eles o Presidente da República, Salvador Allende, tal como o grande canta-autor Victor Jara, a quem torturaram, partindo-lhe as mãos e depois assassinaram brutalmente, e com fortes suspeitas de a um dos maiores poetas da Literatura Universal, Pablo Neruda, ter sido apressado o fim. E a lista prosseguiria com muitos mais nomes, de cidadãos. Os melhores filhos do Chile foram presos, torturados, desaparecidos, assassinados pelo regime de terror de Pinochet, que haveria de durar 15 anos, até ao plebiscito do SIM ou NÃO a Pinochet, que conduziria à derrota daquele político criminoso e militar traidor. Uma frente anti-fascista, muito alargada, arco íris político, apoiou o NÃO (NO). 






O romance de Skármeta, com a simplicidade de escrita a que o grande escritor nos acostumara, de uma fluidez impressionante, sem frases ou adornos desnecessários, por vezes quase prosa poética, descreve-nos o que foram esses dias de chumbo, medíocres, da arbitrariedade mais absoluta, com o poder na rua entregue aos esbirros e assassinos pagos pelo regime. Em muitos aspectos a fazer lembrar o fascismo salazarento. E depois o arco íris que desponta no horizonte com a possibilidade do pesadelo ser afastado. 

O final do romance não é tão optimista quanto poderia parecer com a vitória da Democracia. É que os serventuários do regime, tal como aconteceu em Portugal em 1974, preparavam-se já para uma nova etapa, e Skármeta não deixou de o frisar.
Relembre-se que António Skármeta esteve em Portugal, antes da derrota do fascismo chileno, a realizar, com a colaboração de amigos portugueses e muitos emigrantes do seu país, uma obra maravilhosa mas praticamente desconhecida, adaptação fiel do seu famoso romance O CARTEIRO DE PABLO NERUDA e cujo título (tal como o romance) é ARDENTE PACIÊNCIA, realizada em 1983 e produzida pelo decano dos produtores portugueses. este ano homenageado, nomeadamente pela CINEMATECA, HENRIQUE ESPÍRITO SANTO. 

Conheço as duas versões cinematográficas, a de Michael Radford, produção internacional com grande sucesso de público, e a do próprio SKÁRMETA, muito mais próxima do romance, na linha da sua grande simplicidade de processos, por mais complexa que seja a trama. e de uma beleza insuperável. 



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