Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

NOTAS CINÉFILAS



VER CINEMA

1-"O CLUBE", do cineasta chileno PABLO LARRAÍN, o celebrado autor de "NO", que era uma adaptação do romance "OS DIAS DO ARCO-IRÍS", de António Skármeta. "O CLUBE" é uma obra de uma violência psicológica fortíssima, pondo a nu, sem contemplações, os males da instituição igreja católica no seu país, mostrando a maneira como tenta tornear os casos mais complicados que podem pôr em causa a Igreja, casos onde avultam a pedofilia, a venda de recém-nascidos, as relações com os torcionários fascistas de pinochet, com os muitos milhares de cidadãos torturados e assassinados. Filme a não perder, para quem não seja demasiado impressionável, embora as imagens de violência física sejam praticamente inexistentes.




2-WHERE TO INVADE NEXT (E agora invadimos o quê?), do famoso documentarista norte-americano, MICHAEL MOORE, dá um panorama desolador do estado da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos no seu país.
Embora por vezes com humor não é, em minha opinião, das melhores obras do cineasta. Feito dentro dos limites, moderadamente de esquerda, do seu autor vale pela ilustração de valores democráticos que não existem no seu país, e que todos defendemos, Em especial o episódio da luta pelos direitos das Mulheres é talvez o melhor momento do filme. Pena que o final, que parece uma condescendência aos preconceitos conservadores dominantes em parte dos EUA, diminua o impacto da obra junto de públicos mais esclarecidos. Em qualquer caso a não perder.




3-Sobre "TRUMBO" transcrevo excertos de crítica lida (com a devida vénia), pela sua pertinência  e clareza:
"James Dalton Trumbo (1905-1976), escritor de romances e argumentos cinematográficos, foi preso no início de 1948 porque recusou ser cúmplice da perseguição aos comunistas. Chamado a depor pelo Comité de Actividades Anti-Americanas (HUAC) sobre a sua relação com o Partido Comunista dos EUA (CPUSA) em 1947, Trumbo não respondeu se era ou tinha sido membro desta organização política. Outros nove artistas foram presos na mesma altura pela mesma razão, compondo o grupo dos Dez de Hollywood: Alvah Bessie, Herbert Biberman, Lester Cole, Edward Dmytryk, Ring Lardner Jr., John Howard Lawson, Albert Maltz, Samuel Ornitz, e Adrian Scott. Dmytryk foi o único que decidiu denunciar vários membros do CPUSA e a sua delação pagou pela sua libertação antecipada em 1951. Os outros cumpriram a pena na totalidade.
(...)
Mesmo na parte inicial, o activismo de Trumbo, o modo como estava organizado, como intervinha, nunca é mostrado em detalhe. A dimensão política é quase circunscrita ao confronto entre ele e John Wayne, retratado numa lamentável caricatura que demonstra a dificuldade do realizador Jay Roach em encontrar um tom equilibrado. Esta dimensão regressa pontualmente através da sua filha, envolvida na luta pelos direitos civis dos negros.
As alterações aos factos históricos vão ao ponto de transformar Edward G. Robinson, membro do Partido Democrata que colaborou com comunistas em organizações unitárias, num delator, em substituição de Dmytryk. Robinson testemunhou mais do que uma vez, sendo pressionado a rejeitar as ligações políticas que teve, mas nunca denunciou ninguém. O filme utiliza a sua denúncia como matéria dramática, ligando-a à morte de Hird. O sentido da traição de Dmytryk é enfraquecido: a de um camarada que incriminou camaradas, legitimando a caça às bruxas e participando nela activamente. O discurso de Trumbo em 1970 que encerra o filme, ouvido por amigos e familiares seus, e por democratas que não hesitaram em recolocar o seu nome nos filmes, Kirk Douglas em Spartacus (1960) e Otto Preminger em Exodus (1960), reconfigura a história, reconhecendo erros nas suas partes, para as fazer equivaler e anular. Esta anulação reafirmada em Trumbo – no fundo, da possibilidade de uma real emancipação política e transformação social – não pode ser desligada das profundas contradições da vitória e da presidência de Barack Obama".
(Lido no jornal Avante!, num artigo de Sérgio Dias Branco) 




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