Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

domingo, 26 de agosto de 2012

TORGA, BIOGRAFIA TEATRALIZADA


O INTERVALO GRUPO DE TEATRO não pára de nos surpreender com a qualidade dos seus espectáculos. 
Depois de vários e magníficos espectáculos em que grandes clássicos da comédia foram representados, agora uma belíssima homenagem a Miguel Torga, em duas partes.



A primeira parte, uma biografia teatralizada do escritor e poeta, com leitura de poemas por Carlos Paiva e Fernando Tavares Marques, dois dos grandes actores desta companhia dirigida por Armando Caldas.
A segunda, um extracto da sua peça "Mar", escrita em 1941, que constituiu, em minha opinião, um magnífico momento de Teatro. Não só porque a parte seleccionada conseguiu dar uma excepcional ideia do fundamental expresso naquele texto, que tem muito de poético, como a sua representação teve momentos ímpares de tensão dramática. Foi por vezes emocionante e comovente, com um final soberbo, com actores e público cantando em uníssono, tocado (Luís Macedo) ao vivo:

Mas a mágoa da distância
Tem sereias no olhar
E sonhos de uma abundância
Que o nevoeiro faz sonhar

Canto de sereia ouviu
E tanto sonho embalou
Que o Domingos seguiu
E nunca mais regressou

(versos de Fernando Tavares Marques, música de Luís Macedo)

Sonhos, amarguras, vida e morte, dos pescadores, suas companheiras e família.




Deixo-vos, para terminar, um poema de que gosto muito e julgo que tem muito de pessoal:

Vento que passas, leva-me contigo.
Sou poeira também, folha de outono.
Rês tresmalhada que não quer abrigo
No calor do redil de nenhum dono.

Leva-me, e livre deixa-me cair
No deserto de todas as lembranças,
Onde eu possa dormir
Como no limbo dormem as crianças.

(Diário, Miguel Torga)



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