BALANÇO DO ANO, sobre os dez eventos culturais de que mais gostei, mas não consegui ver muito, por isso admito ter falhado algumas coisas muito boas, mas não tenho tempo (e muito menos dinheiro) para ver tudo!
Aviso: não faço nem pretendo fazer crítica de qualquer espécie. Mal ou bem, são apenas pequenas notas justificativas de gosto.
SANTA JOANA DOS MATADOUROS, de Bertold Brecht, enc. Bernard Sobel, TMA
Uma impressionante encenação, à altura dos espectáculos de grande nível que o Festival de Teatro de Almada nos tem dado, de há muitos anos a esta parte. Vi-o duas vezes e não me arrependi, apesar da sua longa duração. Uma nota para a magnífica interpretação, entregue a estudantes de Teatro e Cinema.
“A RAINHA LOUCA”, de Alexandre Delgado, enc. Joaquim Benite
É a segunda parte da “Trilogia da Loucura”, de que o autor prepara a terceira obra, e de que já víramos a magnífica “O Doido e a Morte”, baseada em Raul Brandão. O musicólogo António Cartaxo considerou esta obra “sublime” e eu estou de acordo. Também as vozes eram excepcionais. Lembrar ainda que a cena final é magistral e deslumbrante, com araras e até um macaco!
“ELA”, de Jean Genet, enc. Luís Miguel Cintra, Cornucópia
Extraordinária encenação de uma cáustica peça daquele grande autor francês, numa espécie de pista de circo, em que Genet não poupa instituições (Igreja) e mentalidades que lhe dão suporte. Luís Miguel Cintra, na figura do Papa, é também brilhante, como sempre, como actor. “O Papa não tem cu” é uma famosa tirada da peça e sintetiza-a de certo modo.
“TEATRO CÓMICO”, de Carlo Goldoni, enc. Mario Mattia Giorgetti, CTA
Um dos grandes autores da Commedia dell’Arte numa magnífica encenação de um especialista, dirigindo uma companhia de brilhantes actores, a Companhia de Teatro de Almada. Vi a estreia no palco ao ar livre, numa noite excelente de Verão, em condições ideais. Maravilha!
“I AM THE WIND” (Sou o Vento), de Bob Fosse, enc. Patrice Chéreau
Surpreendente, pelo impacto visual, de grande beleza. É daqueles espectáculos que não vou esquecer mais! Outro dos grandes (e teve vários) momentos do Festival de Teatro de Almada.
“RETRATOS DA COMÉDIA DELL’ARTE”, de Ferrugio Soleri
Maravilhosa antologia de cenas de uma das principais personagens da Commedia dell’Arte, o Arlequim, por um grande actor, que há décadas se dedica a representá-lo. Momento insuperável no Festival, uma vez mais visto no palco ao ar livre! Preferi vê-lo assim, em vez de o ver enfiado numa confortável cadeira do insonorizado grande auditório do CCB (que é bom, diga-se de passagem. Não é isso que está em causa).
“ONE AFTER ANOTHER”, exposição de Pedro Cabrita Reis (CCB)
Exposição retrospectiva, com trabalhos de escultura, pintura, fotografia, vídeo e instalações. Surpreende pela genialidade de muitas das propostas estéticas deste artista. Em minha opinião, brilhante!
ORATÓRIO e outros trabalhos, de Paula Rego, na Casa das Histórias (obra de arte do Arquitecto Souto Moura!)
Como sou um admirador quase incondicional da obra desta grande pintora contemporânea e portuguesa, não podia deixar de citar a sua última obra, nesta instalação. Mas, do desenho à pintura, e à instalação, de tudo se pode ver neste museu. Confesso que gosto muitas vezes mais da obra da pintora do que, tirando um ou outro dos grandes quadros do pintor, da obra de Freud. Do neto Lucian, claro! Posso rir?
SINFONIA PATÉTICA DE TCHAIKOVSKY, pela Orquestra Gulbenquian (Lawrence Foster) em Almada, no Teatro Municipal
Não vi muita coisa este ano, infelizmente (principalmente por razões económicas e por mais algumas pessoais), no domínio dos concertos, mas entre o que vi este concerto foi inesquecível: música, orquestra, sala e público. Magnífico!
JORGE PALMA (TMA) e CARLOS TÊ (CCB) com os seus intérpretes convidados (Manuela Azevedo com os Clã, Cristina Branco, Rui Veloso)
Dois concertos excepcionais, com músicos de que gosto muito e que aqui estiveram ao seu nível mais elevado. Confesso que ouvir os Clã numa sala como o grande auditório do CCB chega a ser electrizante! Brilhante!
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