SUGESTÕES CINÉFILAS - Jay Roach, Jodie Foster, Michael Moore, Pablo Larraín

CINEMA 

Uma ausência mais ou menos prolongada das salas, interrompida por uma ou outra ida, não me tem permitido chamar a atenção dos amigos sobre o melhor que tem passado pelos ecrãs da nossa cidade.

Ficam no entanto aqui quatro sugestões sobre filmes interessantes, que julgo merecerem uma visão.

Sobre os primeiros li duas críticas muito interessantes de Sérgio Dias Branco, no jornal Avante!, que podem ser obtidas através do respectivo sítio do jornal na Net.

MONEY MONSTER, de Jodie Foster

TRUMBO, de Jay Roach

WHERE TO INVADE NEXT?, de Michael Moore

EL CLUB, de Pablo Larraín

Quando puder publicarei a minha opinião.

DE AÇO E DE SONHO, do Teatro Extremo

DE AÇO E DE SONHO (belíssimo título!)

O Teatro Extremo e a Associação Conquistas da Revolução organizaram na Casa do Alentejo um magnífico espectáculo teatral sobre a Constituição da República, aprovada na Assembleia da República em Abril de 1976, há 40 anos. Com Joana Manuel, António Boieiro e Rui Galveias. 

As fotos que obtive na Net são de representações desta peça noutros locais.

A leitura da mensagem de Vasco Gonçalves ao Festival de Teatro de Nancy de 1977 abre o espectáculo, que durante cerca de uma hora nos relembra o que tem sido a luta pela defesa das conquistas da Revolução de Abril e da que é a mais progressista das constituições. 

A peça é também uma homenagem ao General Vasco Gonçalves, figura maior da Revolução de Abril, iniciada com o derrube do fascismo pelos militares progressistas do MFA (Movimento das Forças Armadas), em 25 de Abril de 1974.

CINZENTO E NEGRO, de Luís Filipe Rocha

Vontade de rever esta magnífica obra, CINZENTO E NEGRO, tragédia de contornos clássicos, que a crítica dominante desconsiderou. 

De Luís Filipe Rocha, o grande realizador de, por exemplo, o famoso CERROMAIOR, em que adaptou a obra homónima de Manuel da Fonseca, o admirável escritor, poeta, narrador do País a Sul do Tejo.

Agora é principalmente a paisagem açoriana que domina, em especial do Pico e do seu mítico vulcão.

Brilhante direcção de actores e actrizes. 

Joana Bárcia e Mónica Calle com duas interpretações que ficam no nosso imaginário cinéfilo e isso nos tempos actuais não é fácil de se conseguir, pelo menos para mim.

FESTIVAL DE CANNES 2016 - KEN LOACH

FESTIVAL DE CANNES 2016 - KEN LOACH COM O GRANDE PRÉMIO!

Uma má notícia foi que o sucesso de público e crítica em Cannes, o AQUARIUS, de Kleber Mendonça Filho, que apresentou no próprio festival um protesto contra o golpe anti-democrático e fascizante, no Brasil, contra a legítima Presidenta Dilma, no que foi acompanhado pelo seu elenco, não foi premiado.

Em contrapartida ficamos muito contentes com o facto de o Grande Prémio do Festival ir para a última obra de um realizador de esquerda, KEN LOACH, que tanto admiramos e do qual lembramos o magífico "O ESPÍRITO DE 45", exibido com grande sucesso em Portugal. 

A sua obra este ano premiada é "I, DANIEL BLAKE", que gostaríamos de ver rapidamente em Portugal, se for possível ultrapassar a péssima distribuição de filmes que neste momento temos.

Tal como queremos ver "AQUARIUS"! 

Quanto ao resto dos prémios de CANNES não merece destaque de maior.

Na imagem Sónia Braga, actriz em AQUARIUS. 

Inesquecível foi também no pequeno ecrã, na heroína de "Gabriela, Cravo e Canela", adaptação para a televisão da obra de Jorge Amado, no tempo das telenovelas brasileiras  de grande qualidade.

CELEBRANDO HENRIQUE ESPÍRITO SANTO

CELEBRANDO HENRIQUE ESPÍRITO SANTO

Na Sociedade Musical Ordem e Progresso, uma celebração da organização da freguesia da Estrela da CDU a Henrique Espírito Santo, figura maior do Cinema Novo Português em tempo de Resistência ao fascismo e depois da Revolução de Abril em alguns dos grandes filmes então surgidos em democracia, como produtor e às vezes como actor e figurante, não esquecendo nunca a sua actividade de crítico de cinema e fundamentalmente de dirigente cineclubista nos difíceis tempos da opressão e censura em que iniciou a sua actividade. 

Foi exibido uma obra maior do Cinema Português, que é CERROMAIOR (1981), de Luís Filipe Rocha, adaptando Manuel da Fonseca no romance homónimo de 1943, que foi sujeito a censura prévia (!!!), lido um poema de Armindo Rodrigues, um grande poeta da Resistência, que se bateu em defesa do romance de Manuel da Fonseca, conforme o autor lembra no seu belíssimo prefácio à obra na edição de 1982 (não deixem de ler, também!) e sobre esse admirável poema foi oferecida a Henrique Espírito Santo uma lembrança pela organização. 

Sobre o filme só dizer agora que continua a ser visto com emoção, pelo argumento e pelas imagens, às vezes belíssimas, do nosso Alentejo. Grandes actores, alguns infelizmente já desaparecidos, fazem parte de um magnífico elenco.

Um fraterno convívio, com a participação da Guida e do Henrique, encerrou a sessão de celebração. 

SOPHIA 2016

Pequena nota sobre os prémios SOPHIA da APC - Academia Portuguesa de Cinema, para o Cinema Português.

Assistimos no CCB à respectiva ecrimónia de entrega de prémios e para nós as grandes figuras da noite acabaram por ser três mulheres. 

A grande actriz Carmen Dolores, longamente aplaudida de pé por todos os seus pares e demais público, ao receber um merecidíssimo Prémio de Carreira e lembremos que é também uma enorme actriz de teatro e também com várias aparições inesquecíveis no pequeno ecrã.

A realizadora Margarida Cardoso, que recebeu (com alguma surpresa para muitos) o Prémio de Melhor Realização, pelo excelente, mas algo desvalorizado pela crítica dominante, YVONE KANE, mas de que gostámos bastante, A propósito publicámos um modesto comentário nesta página do FB, na altura da sua exibição pública, sendo indiscutivelmente, em nossa opinião, um dos melhores filmes de 2015, juntamente com AS MIL E UMA NOITES, de Miguel Gomes, A MONTANHA de João Salaviza, brilhante estreia na longa metragem e uma obra póstuma do mestre Paulo Rocha, SE EU FOSSE LADRÃO, ROUBAVA, todos filmes vistos e admirados, mas já sabemos que neste tipo de votações a grande qualidade em termos de linguagem, raramente vence (vidé OSCARES norte-americanos, entre outros).

E a actriz Ana Bola, que surpreendeu pela sua magnífica prestação como apresentadora da cerimónia, fazendo-nos também sorrir e por vezes rir, não se esquecendo até de algumas alfinetadas bem aplicadas...

Mas obviamente haveria muitos mais nomes a citar, cujos prémios nos deram muita satisfação, por que gostamos muito deles e do seu trabalho. 

Foram 19 prémios e mais outro prémio de carreira, também merecidissimo, a alguém com fortes ligações à produção, Fernando Costa, da Cinemate. 

E obviamente também houve surpresas, mas como se trata de obras que desconhecíamos, não nos podemos pronunciar sobre a sua justeza ou não.

Quanto aos grandes nomes da música presentes, e que tanto admiramos, só foi pena que as vozes tivessem sido por vezes abafadas pelo som dos instrumentos (pelo menos no local onde me encontrava, mas pareceu-me pelos comentários ouvidos que houve mais quem o tivesse sentido).

A sequência dos beijos do Cinema Português, a fazer lembrar a maravilhosa cena do CINEMA PARADISO, do Tornatore, foi uma excelente ideia, mesmo correndo o risco de haver muita gente que dirá que teria escolhido outros...

Quanto à lista completa dos prémios pode ser encontrada facilmente na Net.