Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

APRÈS MAI, de Olivier Assayas

APRÈS MAI (Depois de Maio), de Olivier Assayas

Da “austera, apagada e vil tristeza” (*) em que se transformou a Europa do Sul, e não só, vítima do capitalismo selvagem que o projecto europeu da social-democracia, com o beneplácito do grande capital, trouxe,  o cinema actual é um seu reflexo, sem nada de particularmente motivador em exibição neste momento, para não dizer que é particularmente medíocre quase tudo o que nos chega.

Mas ainda vem alguma coisa a despertar-nos a atenção, como este “APRÈS MAI” (Depois de Maio), de Maio de 68, entenda-se.

Uma obra que o autor, o cineasta francês Olivier Assayas (Paris, 25-Jan-1955), assume como muito autobiográfica   É a geração, que alguns rotulam de perdida, que no Maio de 1968 era criança e no início dos anos 70 adolescente, dos jovens provindos da burguesia, estudantes nos finais do liceu ou no início da universidade, que protagoniza a história e viveu a euforia dos anos que se seguiram a 68, em que alguns julgavam poder transformar o mundo num ápice, esquecendo a luta de classes, envolvendo-se em lutas erradas e sendo arrastados na vertigem das aventuras radicais que tanto seduzem  a juventude,  como todos sabemos, por experiência própria ou não.

A conclusão da obra é o desalento radical que se apossou de muitos, a maioria julgo, que os levou a desacreditarem da política ou passarem-se com armas e bagagens para o lado do poder. Confesso que não sei em qual dos campos se encontra agora Assayas, mas sei de muitos,  agora poderosos e cheios de dinheiro, que mandaram às urtigas ideais de juventude e participam alegremente na exploração que tanto aparentemente condenavam... alguns até admito que sinceramente.

Julgo que a obra merece uma visão. Indiscutivelmente muito bem realizada, com a surpreendente, para alguns, utilização de actores desconhecidos e inexperientes, que no entanto chegam a ser brilhantes, ou não fosse Assayas um dos melhores da sua geração em nossa opinião, já que conhecemos os seus filmes mais importantes.

E sendo ou não o objectivo do seu autor acaba por mostrar que afinal a razão estava toda do lado dos revolucionários que eles desprezavam, e combatiam em muitos casos, aqueles que estavam munidos de uma teoria sólida.


Há aliás uma cena paradigmática quando o principal personagem, Gilles (excelente Clément Métayer) pede numa banca de jornais algumas das efémeras publicações esquerdistas da época e nem sequer pega no L’Humanité,  do PCF...


(*) Os Lusíadas, Canto X, estância 145

NO TEATRO: TRILOGIA NOS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL

Vi, no ciclo de teatro "40 Anos do 25 de Abril" organizado pela Companhia de Teatro de Almada, a peça "DIZ-LHES QUE NÃO FALAREI NEM QUE ME MATEM", escrita e encenada por Marta Freitas.

A autora é sobrinha-neta de uma grande figura da Resistência Anti-Fascista, Carlos Costa (Fafe, 28-Mar-1928), militante comunista, pela qual lutou desde muito cedo. Carlos Costa em 1943 aderiu ao PCP. onde desempenh
ou importantes funções, tendo sido membro do Comité Central. Por essa luta foi preso, tendo passado um total de 15 anos nas masmorras fascistas e participado na famosa fuga de Peniche, com Álvaro Cunhal e mais alguns camaradas, em 3-Jan-1961.

Esta peça, sendo uma homenagem da autora ao seu Tio-Avô, transforma-se principalmente numa homenagem a todos os resistentes anti-fascistas que presos, torturados, alguns assassinados pela repressão do fascismo salazarista, nunca traíram os seus ideais e os seus camaradas, resistindo às sevícias brutais da polícia salazarista. Até o fascismo ser derrubado numa manhã luminosa e inesquecível, em 25 de Abril de 1974, após 48 anos de luta sem tréguas, pela qual muitos deram a vida.

Utilizando para o efeito um cenário único, com cenografia de Catarina Barros e um único actor em cena, Mário Santos, na interpretação magnífica do resistente preso, a peça consegue prender os espectadores ao longo de cerca de uma hora e fazê-los sentir o horror e ignomínia do tratamento dado pela PIDE aos lutadores anti-fascistas que lhe caiam nas garras. E cimentar nos espectadores a enorme admiração por aqueles que dedicaram a vida, com extraordinária coragem, a lutar pelo fim da exploração e das desigualdades a que povo estava sujeito, e também os povos das colónias, explorados e escravizados por mais de 500 anos de ocupação das suas terras. 

E esses militantes revolucionários, como Carlos Costa, foram os melhores de nós durante essa noite tenebrosa de quase meio século, e isso nunca o esqueceremos.

No entanto, nos reveses da luta de classes ao longo destas 4 décadas desde 1974, de novo os poderosos conseguiram estar em vantagem e torna-se imperativo prosseguir a luta para recuperar os direitos do povo e o desenvolvimento e progresso do país, conseguidos pela Revolução de Abril, e hoje seriamente abalados pela recuperação capitalista. A peça não o diz, mas senti-mo-lo nós, perante a situação grave em que de novo vivemos. Daí a importância de um ciclo de teatro como este! 

Depois da homenagem a Álvaro Cunhal, da homenagem aos presos políticos através do testemunho de Carlos Costa, falta referir a última peça da trilogia, que já vimos e de que falaremos depois.

Foi tocante a presença do homenageado, o militante comunista Carlos Costa, na primeira fila da plateia e no final chamado ao palco pelo actor Mário Santos, para receber o emocionado e longo aplauso do público. Outro momento ímpar da Sala Experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite, que não esqueceremos.


Nota (curta, por falta de tempo) à posteriori –

Se gostámos muito das 2 primeiras peças o encerramento da trilogia proposta pela CTA desiludiu. Não só pelo aspecto político, já que foi esse o objectivo da autora, mas também pelo aspecto estético, ficando longe da referência no texto introdutório a Pina Bausch, uma das mais geniais criadoras, no campo da Arte, do século XX / início do XXI. Confesso que me lembrei também de Jorge Silva Melo e de alguns dos seus extraordinários espectáculos que a nossa memória mantém, como termo de comparação. O tema mereceria uma outra qualidade pese embora a boa vontade e empenho dos artistas envolvidos, em especial os muito jovens.

As comemorações da Revolução de Abril, onde este ciclo se integrava, e muito bem, destinam-se afinal não a lembrar o que morreu mas a fazer crescer com o entusiasmo popular as sementes que dela felizmente ficaram e são muitas. Obrigado à CTA por esta bela iniciativa!

2ª Nota à posteriori (que continua a ser curta pelas mesmas razões)

Ainda sobre a desilusão que constituiu a visão da terceira proposta, “Depois da Revolução”,  da trilogia sobre a Revolução de Abril, em boa hora organizada pela CTA:

Em primeiro lugar, porque me apercebi de que foi por vezes difícil para a maioria do público entender o que se passava no palco, não por o espectáculo ser complicado mas por ser confuso, mesmo recorrendo à ajuda do texto introdutório da autora, Luísa Costa Gomes, e apesar de ela se ter socorrido de algumas belas canções (alheias), embora por vezes fossem aqui quase irreconhecíveis.

Além disso pareceu-me ver neste espectáculo laivos do conhecido e famigerado preconceito contra a luta organizada dos trabalhadores (como diria o Zeca), muito na linha daqueles movimentos que sempre surgem quando a luta de classes se agudiza (como agora), que são muito palavrosos, insignificantes mas bastante perigosos, por  tenderem a arrastar para as margens da luta, isto é, para fora dela, os mais ignorantes e despolitizados, razão pela qual são sempre acarinhados pelo poder mais reaccionário (vidé apoio das TVs e da generalidade dos Media controlados pelo grande capital).

Por outro lado, a ambiguidade ideológica do espectáculo (com algumas deturpações e mistificações sobre o processo revolucionário de 1974/75) leva a que também haja quem nele veja, como eu, sintomas de um anticomunismo primário, porque baseado na propaganda capitalista, obviamente falsa, gerador de divisão no seio da esquerda plural que suponho os autores defenderem. Será deliberado?

Lamento dizê-lo, mas no final pensei para mim, que na eventualidade de os representantes do poder actual (PM, PR, PAR) e da sua incultura militante (lembrar recente caso da colecção Miró ou do estado do nosso teatro  ou do estado do nosso cinema) estivessem presentes, teriam provavelmente aplaudido, porventura de pé, alguns de cravo ao peito, porque nada os afrontou seriamente.

Como eu gostaria de ver incluída a famosa canção a esse respeito, de Barata Moura, num espectáculo deste tipo, sobre os tempos subsequentes à Revolução, e aos actuais reveses, para os explorados e oprimidos na Luta de Classes. Mas isso seria obviamente uma outra visão...

Em todo o caso, tenha-se  a visão  de classe que se tiver (da responsabilidade do autor) o que desilude, além dos aspectos estéticos que gostaríamos que fossem melhores,  é a utilização da mistificação e a deturpação para justificar preconceitos, que podem induzir em erro espectadores menos atentos à realidade ou dela desconhecedores por serem mais jovens.

3ª e Última Nota – (escrita a quando da primeira visão, em 2013, da peça, então integrada nas comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal)

Sobre “UM DIA OS RÉUS SERÃO VOCÊS - O Julgamento de Álvaro Cunhal”
Bela homenagem a uma das mais brilhantes figuras do Século XX, revolucionário, comunista e homem de grande cultura, autor, para além da obra política e sociológica, de romances, pinturas e desenhos, obras que julgo que o tempo nunca fará esquecer, dada a sua enorme dimensão humanista e enquanto houver seres humanos neste nosso mundo. E apesar de, como tem acontecido nos últimos tempos, as ideologias anti-humanístas procurarem silenciar o seu testemunho, eliminando-o até de compêndios escolares (!) ou, o que é mais grave, deturpando-o.

Um dos aspectos em minha opinião mais admiráveis desta notável abordagem teatral foi a enorme sobriedade da encenação, com o grande mérito de colocar as palavras em grande destaque. Tratava-se da teatralização da defesa, depressa transformada em acusação contra o regime opressor, feita pelo próprio Álvaro Cunhal no tribunal plenário, caricatura de tribunal que o fascismo criou para condenar quem lhe caísse nas mãos (Tribunal da Boa-Hora, 2 e 9 de Maio de 1950).

Essas palavras, ouvidas hoje, já na segunda década do século XXI, continuam a ter, infelizmente, a maior das actualidades.

Julgo que Joaquim Benite, o Mestre precocemente desaparecido, não teria feito muito diferente se tivesse tido ainda tempo para realizar o seu sonho de criar e encenar esta peça.

Uma palavra de grande aplauso para o actor principal, Luís Vicente, brilhante no desempenho dessa figura maior da nossa Política e da nossa Cultura e para o encantamento que foi ouvir e ver o "Acordai", de Fernando Lopes Graça, canção obrigatória nos tempos difíceis por que voltamos  a passar, interpretada pelo Coro dos Pequenos Cantores do Conservatório de Lisboa. Um olhar para o futuro que nos tocou profundamente! Admirável!




THE SOUTHERNER, de Jean Renoir

VISTO NA CINEMATECA

Pequena nota sobre:

THE SOUTHERNER, de Jean Renoir (1945)

Uma obra-prima raramente citada, de um dos grandes Mestres do Cinema.

Não gosto nada do título português, “A Semente do Ódio” que tem pouco a ver, parece-me, com o espírito do filme. É bem melhor o de língua francesa, “O Homem do Sul” (L’Homme du Sud).

Aliás, na magnífica crítica da folha de sessão, escrita pelo saudoso Manuel Cintra Ferreira (onde estão os bons críticos da Cinemateca de hoje?) diz-se uma coisa, com a qual concordo e que se aplica a quase toda a obra deste Mestre da Sétima Arte:

“Não há maniqueísmos (mas nunca os houve na obra de Renoir, mesmo nos seus filmes de “propaganda”!), apenas seres humanos alimentando ilusões ou com elas desfeitas, o ciclo eterno da vida que vai do nascimento à morte”.

Há um ambiente quase poético nesta tragédia, muito sulista, a crer nos grandes escritores que descreveram o Sul dos EUA e as suas gentes.

Aliás o grande William Faulkner, que colaborou com Jean Renoir nesta obra, julgo ter lido algures, considerava que Renoir tinha retratado magistralmente o sentir profundo dos pequenos agicultores do Sul, que tudo arriscam, menos a dignidade (alguns pelo menos) para cultivar um pedaço de terra sua.

Falta todavia, na maioria,  o sentimento expresso do empenhamento colectivo, do unir esforços, embora isso fosse possível, como julgo que Renoir quis demonstrar, metaforicamente,  na belíssima cena da captura do grande peixe do rio pelos dois homens desavindos, por causa de um individualismo, que é fortemente aumentado por condições de vida (e de exploração).


Uma palavra para os actores, admiravelmente dirigidos, com citação especial dos dois principais personagens, Zachary Scott (Sam) e Betty Field (Nonna) (ver foto), hoje também muito esquecidos porque tiveram carreiras curtas, devido a desaparecimentos prematuros. E para Beulah Bondi, que  é uma avó inesquecível, numa personagem muito renoiriana.


NEBRASKA, de Alexander payne

NEBRASKA, de Alexander Payne

Uma surpreendente obra, pela realização a preto e branco, com particular utilização dos grandes planos dos rostos das personagens e, principalmente pelo realista retrato de uma população envelhecida, enfraquecida, desiludida, mesmo entre  alguns, ainda mais ou menos jovens (trintões), desempregados, ou com empregos de ocasião, quase todos tendo no álcool um refúgio e lenitivo.

E alguns, os mais velhos, acreditando nas patranhas dos sorteios, dos milionários surgindo do nada através dos jogos de azar, num país em que os milionários abundam mas por outras razões - a exploração de milhões, dos quais eles fazem parte. Sonhos impossíveis numa sociedade de mentira. Pai e filho percorrem milhares de quilómetros, entre Billings (Montana) e Lincoln, para ir em busca de um desses sonhos, de uma fortuna falsamente sugerida pelo marketing, que quer vender a qualquer preço, ainda que o filho, mais jovem, saiba que se trata de um logro, mas não tem coragem para destruir o último sonho daquele homem envelhecido e frustrado. Grandes interpretações de Bruce Dern (pai), Will Forte (filho mais novo) e June Squibb (mãe) e mais alguns magníficos secundários.

Ao verificar que a obra de Payne se passa em parte em Madison County, mas no estado de Nebraska, fez-nos recordar o contraste com uma obra célebre, “As Pontes de Madison County”, de Clint Eastwood, aliás, em minha opinião, um dos bons filmes desse realizador, que nele contracenou com Meryl Streep, numa das obras românticas mais conseguidas das últimas décadas, no Iowa, não sendo aliás os dois locais muito afastados.

Preto e branco versus cor. Desalento versus romantismo. Duas facetas opostas da arte das imagens - o Cinema, em cenários distintos, embora com o mesmo nome e não muito afastados. Fotografado por dois homens decerto diferentes, até em idade, um relativamente jovem (Payne: 1961), um relativamente velho (Eastwood: 1930). Com objectivos diversos, também.  Da crítica social, obviamente. Mais realista e preocupada a do jovem, porque não se conforma, julgo.



THE MONUMENTS MEN, de George Clooney

THE MONUMENTS MEN (OS CAÇADORES DE TESOUROS), de George Clooney

O argumento prometia: a tentativa de salvar milhares de obras de arte  das mãos dos nazis alemães, as que tivessem escapado à destruição sistemática que os nazis haviam feito. Operação de resgate levada a cabo por um comando designado por “The Monuments Men”, na fase final da 2ª Grande Guerra Mundial (1938-1945), quando os exércitos alemães já recuavam, acossados pelos exércitos libertadores.

Embora parcialmente este objectivo tivesse sido conseguido,  nunca esqueceremos que os fascistas, para além dos crimes contra a Humanidade cometidos, que resultaram no extermínio programado de milhões de pessoas, destruíram também milhares de obras, algumas das quais obras-primas do património universal, apenas porque não lhes agradavam os autores ou porque, segundo o gosto dessa gente - conservador, tosco, medíocre, seriam, para eles “arte degenerada”... E algumas dessas obras só escaparam porque os fascistas  pretendiam fazer dinheiro com a sua venda a coleccionadores...

Também nunca esqueceremos que o governo português de então, conduzido por um católico, o fascista Salazar, se tornou coo-responsável, pelo apoio dado aos regimes fascistas, a começar por Espanha e parte do ouro roubado às vítimas do extermínio (Holocausto) terá vindo parar ao Banco de Portugal.

Mas o filme não se vê com a emoção que o tema deveria suscitar para quem ama a Liberdade e a Democracia, e uma das razões, em minha opinião, é porque por vezes é algo ambíguo, surgindo aos olhos dos espectadores, quase como uma “americanada”, em que a competição nesse resgate, passa depois a ser com o Exército Vermelho. E a ambiguidade principal da obra reside no facto de a acção decisiva da URSS na derrota dos nazis ser escamoteada, o que para um público desinformado passa como fazendo parte do discurso oficial... mesmo não o sendo. E, curiosamente, do comando que procura resgatar as obras de arte da posse dos nazis, afinal os mortos foram europeus... como não deixa de sublinhar o argumento.

“The Monuments Men” está longe da grande qualidade da obra de Clooney sobre o mccarthismo, “Good Night, and Good Luck”. E também não tem a grandeza de outras obras do género realizadas nos estúdios norte-americanos, sobre a luta contra os nazis, como os famosos, e magníficos, realizados por grandes cineastas, “The Dirty Dozen” (Doze Indomáveis Patifes) (1967), de Robert Aldrich ou “Escape to Victory” (1981), de John Huston.

A crítica ainda referiu, como termo de comparação, a excelente série de filmes de Steven Soderbergh “Ocean’s Eleven”, Twelve, etc, hiato de divertimento no conjunto da obra, mais séria, deste cineasta, e desta vez concordo: a obra de Clooney, mesmo entendida como filme de aventuras, está uns furos abaixo.


Mas obviamente é uma obra a ver, superior ao que em geral por aí corre nos ecrãs da cidade, e até pelas eventuais críticas que suscita no espectador.

Nota à posteriori: os recentes, lamentáveis e vergonhosos episódios da tentativa de venda clandestina dos quadros de Juan Miró, pertencentes ao património do Estado via nacionalização do BPN, venda por decisão do governo de Passos Coelho, Portas e Cavaco, fez lembrar a anti-cultura dos nazis, que está na origem do filme de Clooney, ao ouvirmos a audição e as justificações do "encarregado da cultura" deste governo...


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TARTUFO, de Molière

Visto no DIA MUNDIAL DO TEATRO! 

Quem puder que não perca. 
Vi esta encenação e gostei muito. 
Um texto de um dos grandes autores universais, Molière, como Shakespeare, como Brecht, como Tchekov, como Pinter, etc, etc. 
E viva o teatro!

Mais que sugestão ou recomendação, pedido para não deixarem de ver:

"a peça estreia (com novo nome, para poder passar) no dia 5 de Agosto de 1667 e revela-se um estrondoso sucesso de bilheteira. Todavia, no dia seguinte, à hora do espectáculo, a polícia fecha o teatro (reinado de Luís XIV): a representação de "O Impostor" (nome que Molière arranjou para substituir "O Tartufo") acabava de ser proibida por ordem de Lamoignon. Em breve o arcebispo de Paris reforça a mesma decisão, declarando a proibição de "representar, ler ou ouvir ler a peça, seja em público ou em privado, sob pena de excomunhão." (transcrito do texto de Ângela Pardelha, no "Mais TMJB" nº17)

Faz pensar nos tartufos que nos rodeiam na actualidade, também nos mais altos cargos públicos, e faz pensar nos ataques dos tartufos que sofreu o mais laureado dos nossos escritores, e um dos melhores de sempre na opinião de muitos, e não só portugueses, José Saramago.

A encenação foi de Rogério de Carvalho para a Companhia de Teatro de Almada. As interpretações magníficas, com Marques de Arede (Tartufo), André Gomes (Orgon), Teresa Gafeira (Elmira) nos principais papéis.