Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O SANTO (MAHAPURUSH), de Satyajit Ray

Mahapurush (O Santo), de 1965, pequena jóia da cinematografia de um mestre da Sétima Arte, Satyajit Ray, em exibição em Lisboa, no Cinema Nimas (depois irá para o Porto) no ciclo de cinema dedicado a este grande realizador, que abranje 6 obras em versões restauradas e decorrerá até 5 de Novembro (não percam!).

Esta é provavelmente das menos comhecidas. Pequeno no filme (65'), irónico, sobre a charlatanice que explora as crenças em existências divinas e sobrenaturais. 

Satyajit Ray não é contra as crenças que cada um possa ter mas contra as seitas, organizações e charlatões que as exploram em proveito próprio. O final da obra, tragico-comico e que não vou desvendar, não podia ser mais claro. Como sempre com uma direcção de actores brilhante.

Sobre a Índia, país natal de Satyajit Ray, e que está presente na maior parte da sua obra, não deixar de ler uma entrevista recente ao jornal Avante! de 25-9-2014, de Christopher Fonseca, secretário-geral do AITUC (Congresso dos Sindicatos de Toda a Índia) e membro do Conselho Nacional do PCI (Partido Comunista da Índia): 

"Nós somos uma nação que é altamente laica (...) o nosso povo é ardentemente laico. Anseia pela paz, pela liberdade, pela equidade."

(nota que publiquei no facebooK)


A GRANDE CIDADE (MAHANAGAR), de Satyajit Ray


Exibida no mini-ciclo sobre SATYAJIT RAY, no cinema NIMAS, 


É A GRANDE CIDADE (de 1963), uma indiscutível obra-prima da Sétima Arte, 

Aí também avulta a figura de uma mulher mas numa sociedade profundamente desigual, saída há pouco mais de uma década de um terrível estado colonial - a Índia dominada pelos ingleses e que não conseguiu sair do regime capitalista onde a exploração e as desigualdades continuaram enormes. 

É pois sobre a afirmação das mulheres num meio conservador e hostil de que fala a obra, ao contrário da anterior, do realizador soviético ZHARKHI, em que essa afirmação foi incentivada pela sociedade socialista com o partido comunista no poder. 



A actriz é MADHABI MUKHERJEE, outra grande figura dos ecrãs. 

(nota que publiquei no facebook)



CHLEN PRAVITEL'STVA (Membro do Governo)


Visto na Cinemateca, CHLEN PRAVITEL'STVA (MEMBRO DO GOVERNO) (de 1939), de ALEKSANDR ZARKHI e YOSSIF KHEIFITS. 


Pena que só com cerca de uma dezena de espectadores presentes (assim vai o estado da nossa cultura...) e com uma parca folha de sessão. Embora com um pequeno mas excelente texto escrito por um grande cineasta, Leonid Trauberg (facto, ausência da folha, que é para mim caso único... porquê?).

E no entanto trata-se de uma obra notável como cinema, que aborda a difícil construção do socialismo na União Soviética, que não esconde as dificuldades com que a nova sociedade se deparou mas que conseguiu vencer durante algumas décadas, atingindo desenvolvimentos sociais, económicos e científicos enormes.

Com interpretações admiráveis, em especial da grande actriz de cinema e teatro, VERA MARETSKAYA, na protagonista, uma camponesa pobre,semi-analfabeta, que pelas suas qualidades, pelo esforço na aquisição de conhecimentos para o trabalho colectivo, pelo desempenho da direcção de um kolkhoze, é convidada para o Partido Comunista e mais tarde eleita para o Soviete Supremo da URSS. Emocionante e admirável.



Vera Maretskaya (31-Jul-1906 - 17-Ago-1978) recebeu por este trabalho, em 1942, o Prémio Stáline. Que haveria de voltar a ganhar em 46, 48 e 51. Em 1949 foi nomeada Artista do Povo da URSS. 

Se voltar a ser exibido algures não percam (julgo que nunca o tinha sido no nosso país). As legendas em português não existem (ao contrário do que diz a folha da sessão) e foram substituídas por uma voz off, que diz os diálogos principais.

(nota cinéfila que publiquei no facebook)