O SAL DA TERRA, de Wim Wenders e Julião Salgado
Fortíssima sugestão a quem ainda não viu para não perder!
É um filme documentário sobre a obra do fotógrafo brasileiro SEBASTIÃO SALGADO, nascido no Estado de Espírito Santo (não, isto nada tem a ver com medíocres salgados e espíritos santos, de outro jaez, que abominamos).
Realizado pelo famoso cineasta alemão Wim Wenders cuja obra apreciamos e que já homenageou outros grandes artistas seus contemporâneos, que admirava, nomeadamente Nicholas Ray e Michelangelo Antonioni, que já nos deixaram infelizmente há muito mas que colaboraram nos filmes que Wenders sobre eles fez,
O Sal da Terra foi premiado em 2014 no mais famoso dos festivais de cinema, o de Cannes, com o Prémio Especial do Júri na secção Un Certain Regard.
Trata-se obviamente apenas de uma das muitas visões possíveis sobre a riquíssima obra do grande fotógrafo. O filme foi realizado em colaboração com o filho Julião Salgado.
Está em exibição no Monumental, ao Saldanha, e no Cinema Ideal, ao Calhariz!
Paralelamente temos uma exposição sobre o seu último trabalho, GENESIS, na Cordoaria Nacional, aquele compridíssimo edifício, para poder albergar o cordame lá feito em tempos idos, situado na Junqueira, quase paredes meias com o novo e mastodónico Museu dos Coches (que ainda não foi inaugurado... sabe-se lá porquê... mas calcula-se).
Relembremos a propósito duas grandes exposições sobre a obra de Sebastião Salgado, que vimos, ambas com muitos milhares de visitantes: no CCB e na FESTA DO AVANTE!, tendo o fotógrafo estado presente.
Pena que no filme de Wenders não tivesse sido referida a presença do fotógrafo durante a REVOLUÇÂO DOS CRAVOS,1974 em Portugal, dela existindo belíssimas e emblemáticas fotografias por ele tiradas. Pena também que no filme só fosse referido a correr aquele que em minha opinião talvez seja, pelo seu significado, o mais belo dos seus álbuns: RETRATOS DE CRIANÇAS DO ÊXODO.
Mas como disse atrás este filme é apenas uma visão e muito mais poderia ser dito sobre a obra deste homem.
Se Sebastião Salgado, mesmo na mais delicada das suas fotografias, manifesta sempre um grande respeito pelo Homem e pela condição humana, coisa que outros infelizmente não têm, nos RETRATOS DE CRIANÇAS fez uma coisa rara: captou o olhar de esperança no futuro de vários jovens, alguns deles vivendo em atribuladas e perigosas condições. Isso é admirável e comovente porque é um olhar de confiança no Futuro, apesar de toda a desesperança que dele se apossa ao ter estado em locais de guerra e luta, onde o respeito pela vida humana se perdeu, nomeadamente no Ruanda e na Jugoslávia. Não foi dito no filme mas é óbvio para quem vê que os grandes culpados são os que desencadeiam esses conflitos para satisfazer interesses económicos e políticos... e não lhes interessa as consequências humanitárias desde que dominem áreas petrolíferas ou de outros recursos naturais e que consigam o domínio estratégico que lhes interessa...
O filme termina com a tarefa em que Sebastião e a sua mulher, Lélia, se empenharam na última década, de reflorestar e repovoar a zona em que o fotógrafo nasceu, e que as secas e o abate de árvores haviam destruído, num projecto de grande significado humano e ecológico.São de Sebastião Salgado, o maior dos fotógrafos vivos em minha opinião, as palavras que serviram para título do filme. "o Homem é o sal da terra".
Na foto Julião Salgado, Sebastião Salgado e o cineasta Wim Wenders
NÃO PERCAM!!!
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