1-Antes de ver
Aí vem, já na próxima semana, o
derradeiro e póstumo filme de um dos cineastas portugueses cujo conjunto da
obra mais admiramos, José Fonseca e Costa.
Que aliás viria a ser terminado,
tentando respeitar o que o autor queria, por um dos seus colaboradores.
É AXILAS, que foi buscar ao conto de um
grande escritor brasileiro, de que também gostamos muito, até na vertente
mais ou menos policial, Rubem Fonseca.
Na adaptação contou com Mário
Botequilha, um humorista cujo trabalho para o teatro, Al Pantalone, foi um
enorme sucesso, de público e de qualidade, que vimos e ganhou há dois anos o
prémio do público no famoso Festival de Teatro de Almada, com encenação de
Miguel Seabra (Teatro Meridional).
Relembremos que o anterior filme de
Fonseca e Costa foi o magnífico, embora ignorado pela crítica oficial,
"Viúva Rica Solteira Não Fica", de uma ironia por vezes ácida, e
depois passou um longo período sem realizar.
Temos muita curiosidade em ver esta obra póstuma que, em geral para quem suspeita que já não lhe sobreviverá muito, costuma ser quase como um testamento.
Temos muita curiosidade em ver esta obra póstuma que, em geral para quem suspeita que já não lhe sobreviverá muito, costuma ser quase como um testamento.
Veremos.
Ainda não li as críticas que já foram aparecendo. Prefiro ver o filme primeiro.
E quem nunca reparou em axilas que atire a primeira pedra. Posso rir?
Ainda não li as críticas que já foram aparecendo. Prefiro ver o filme primeiro.
E quem nunca reparou em axilas que atire a primeira pedra. Posso rir?
2-Depois de ver
Obra
póstuma de José Fonseca e Costa, que foi um dos grandes realizadores do Cinema
Português.
AXILAS,
baseada no conto homónimo do grande escritor brasileiro, que tanto apreciamos,
Rubem Fonseca, escrita em conjunto com o jornalista, humorista e escritor,
Mário Botequilha, autor do texto de Al Pantalone, um dos maiores sucessos de
público e qualidade do Teatro Meridional. Um trio de respeito!
Agora
vou-me limitar apenas a dizer que foi uma despedida à altura do cineasta,
embora lamentavelmente interrompida pela morte do seu autor.
A valer a pena ver e rever, pela inteligência da adaptação, pela homenagem a Lisboa, a uma parte da cidade que até vai ficando confinada aos bairros populares, onde ainda existem tascas e colectividades, pela crítica certeira à situação política dos últimos anos, de uma direita fascizante no poder e da corrupção a rodear tudo (impagável a figura do grande gestor - Rui Morrison), crítica que também não poupa a igreja.
A valer a pena ver e rever, pela inteligência da adaptação, pela homenagem a Lisboa, a uma parte da cidade que até vai ficando confinada aos bairros populares, onde ainda existem tascas e colectividades, pela crítica certeira à situação política dos últimos anos, de uma direita fascizante no poder e da corrupção a rodear tudo (impagável a figura do grande gestor - Rui Morrison), crítica que também não poupa a igreja.
Referências
várias do realizador, a Camilo, a Gustave Courbet, o pintor que apoiou a Comuna
de Paris e pintou a célebre obra "A Origem do Mundo", que
escandalizou então a burguesia francesa (mas levou também à apreensão duma obra
literária em Portugal, já neste século, que tinha uma reprodução desse famoso quadro,
que está exposto no Museu d'Orsay, na capa!).
E
não falta sequer o gostinho provocador do cineasta às mentes mais
conservadoras, com os seus personagens a utilizar uma linguagem que noutras
circunstâncias se consideraria grosseira.
Fica-nos
no entanto a sensação de um final um pouco abrupto e de que o realizador, se
pudesse ter terminado a obra, talvez lhe tivesse dado uma volta mais, não nos
deixando com essa sensação de algo inacabado.
Mas quem goste de Cinema que não perca!
Mas quem goste de Cinema que não perca!
3.Alguns
dias depois de ter visto
(para
continuar)
(com
excepção da parte 3, ainda não escrita e em maturação, tudo foi previamente
publicado no facebook)