Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 11 de maio de 2016

LA LOI DU MARCHÉ (A Lei do Mercado), de Séphane Brizé






A não perder A LEI DO MERCADO (La Loi du Marché), de Stéphane Brizé, com um único actor profissional, Vincent Lindon, rodeado de dezenas de não profissionais, numa magnífica direcção de actores.

O autor diz que o seu filme é apenas político no sentido estrito do termo, mas que não quis fazer um panfleto ou uma bandeira da luta de classes, mas apenas debruçar-se sobre um homem em crise, por ter caído aos 50 anos no desemprego, não querendo no entanto perder a sua dignidade como ser humano.

O filme mostra, através de vários episódios na vida deste homem, o estado lamentável da sociedade resultante das políticas neoliberais (em muitos aspectos espécie de fascismo). Não tenho tempo agora para explicitar alguns aspectos a merecerem atenção mas que julgo que os espectadores não deixarão de sentir, como por exemplo o da "selecção de pessoal" nas empresas privadas. Aliás isso foi evidente na reacção dos espectadores da sessão a que assisti.



Não deixa de indignar verificar o rancor com que a crítica neoliberal ou de extrema direita ataca o filme, acabando por o acusar erradamente também de falta de ritmo (!!!): é o contrário, afinal.

«Todos aqueles que furtam em “A Lei do Mercado” têm uma desculpa: um gandulo ameaçou-os de pancada se não o fizessem, nunca o tinham feito antes, têm um filho drogado, estão na casa há 20 anos. E, dando milho aos pardais do “anti” em jato contínuo, Brizé deixa implícito que a culpa disto também é do “capitalismo neo-liberal”. (...) “o filme quer que consideremos tais transgressões como crimes sem vítima (…) e que é totalmente aceitável roubar no emprego”.»  (lido no ultra-direitista Observador)


A personagem de Thierry (Vincent Lindon), que perde o emprego por despedimento colectivo fraudulento por parte do patrão, começa, no início do filme, por se mostrar individualista recusando participar no processo que os camaradas de trabalho querem pôr ao patrão, no fundo alheando-se dessa luta anticapitalista.

Mas no final irá verificar tragicamente que os novos patrões, mesmo que por vezes dêem indícios de procurar um bom ambiente de trabalho, tratando os trabalhadores com alguma humanidade (não nos salários, claro) não hesitam em punir sem apelo nem agravo todas as faltas, mesmo não sendo graves, o que conduz a tragédias pessoais.

E num assomo de dignidade abandona o trabalho para não ter que colaborar em tais processos!

Belíssima interpretação de Vincent Lindon, acompanhado dos seus companheiros não profissionais!

A obra já recebeu vários prémios internacionais!
(já publicado no facebook)

ADENDA (em 12-Mai-2016): Depois de publicado este modesto texto saíu uma crítica magnífica na imprensa, de que recomendo a leitura
Ver em:  
http://www.avante.pt/pt/2215/argumentos/140297/





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