Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PREFERÊNCIAS NO CINEMA, EM 2016 - AS MINHAS RAZÕES

BALANÇO CINÉFILO DE 2016 - As minhas justificações de gosto

45 YEARS (45 ANOS), de Adrew Haigh, com Charlotte Rampling, Tom Courtenay

" O argumento do filme é baseado numa novela de um poeta inglês, David Constantine (71 anos), que em entrevista disse que a ideia lhe tinha vindo duma notícia que leu na adolescência, e que o tinha impressionado, sobre o corpo de uma rapariga que havia sido descoberto praticamente intacto, envolvido no gelo de um glaciar alpino. 
Constantine e posteriormente Haigh construíram histórias cujo maior interesse tem obviamente a ver com o comportamento humano a partir da memória de um acontecimento que se julgava definitivamente terminado e que um corpo conservado no gelo vem lembrar."



THE BIG SHORT (A Queda de Wall Street), de Adam McKay, Christian Bale e Steve Carell

"Não será uma obra claramente anti-capitalista mas antes uma denuncia dos excessos a que o capitalismo em crise, cíclica, conduz, provocando milhões de vítimas, mas que para eles não passam de números... 
A obra, embora se limite aos especuladores menores, que gravitam na órbita do sistema, embora às vezes enriqueçam, e praticamente nunca nos mostre os que efectivamente comandam e ditam as decisões políticas que permitem que tudo continue na mesma, não deixa de impressionar os espectadores. Nem chegamos sequer a ver os émulos dos famigerados Constâncios e Carlos Costas, a não ser em imagens fugazes 
No entanto o filme vai dizendo meia dúzia de verdades sobre quem acaba por pagar de facto as crises capitalistas, ou seja, os trabalhadores e as massas populares. "



LA LOI DU MARCHÉ (A Lei do Mercado), de Stéphane Brizé, com Vincent Lindon e Karine de Mirbeck

"O autor diz que o seu filme é apenas político no sentido estrito do termo, mas que não quis fazer um panfleto ou uma bandeira da luta de classes, mas apenas debruçar-se sobre um homem em crise, por ter caído aos 50 anos no desemprego, não querendo no entanto perder a sua dignidade como ser humano.
O filme mostra, através de vários episódios na vida deste homem, o estado lamentável da sociedade resultante das políticas neoliberais (em muitos aspectos espécie de fascismo). Não tenho tempo agora para explicitar alguns aspectos a merecerem atenção mas que julgo que os espectadores não deixarão de sentir, como por exemplo o da "selecção de pessoal" nas empresas privadas. Aliás isso foi evidente na reacção dos espectadores da sessão a que assisti."



CINZENTO E NEGRO, de Luís Filipe Rocha, com Joana Bárcia e Flipe Duarte

"Vontade de rever esta magnífica obra, CINZENTO E NEGRO, tragédia de contornos clássicos, que a crítica dominante desconsiderou. 

De Luís Filipe Rocha, o grande realizador de, por exemplo, o famoso CERROMAIOR, em que adaptou a obra homónima de Manuel da Fonseca, o admirável escritor, poeta, narrador do País a Sul do Tejo.

Agora é principalmente a paisagem açoriana que domina, em especial do Pico e do seu mítico vulcão.

Brilhante direcção de actores e actrizes. Joana Bárcia e Mónica Calle com duas interpretações que ficam no nosso imaginário cinéfilo e isso nos tempos actuais não é fácil de se conseguir, pelo menos para mim."



WHERE TO INVADE NEXT (E agora invadimos o quê?), de Michael Moore


"O famoso documentarista norte-americano, MICHAEL MOORE, dá um panorama desolador do estado da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos no seu país. (...)
Em especial o episódio da luta pelos direitos das Mulheres é talvez o melhor momento do filme."



MARAVIGLIOSO BOCCACCIO (Maravilhoso Boccaccio), de Paolo e Vittorio Taviani

"É a adaptação de um grande clássico italiano, baseado nas histórias do seu DECAMERON, que Pasolini já havia adaptado também brilhantemente, à sua maneira. 
Em tempos de Peste (século XIV) há quem tente fugir-lhe. Também nós agora, com novas pestes (o fascismo e o neo-nazismo crescendo na Europa, na Turquia...) assolando os sítios onde vivemos, precisamos de força para lhes resistirmos e fazer-lhes frente, porque não adianta fugir... 
É um maravilhoso filme dos manos Taviani a não perder, transmitindo a beleza e sabedoria sobre a natureza humana, dos escritos de este grande autor, como o nosso Gil Vicente, Shakespeare, Molière..."



SNOWDEN, de Oliver Stone, com Joseph Gordon Levitt e Shailene Woodley

"Não só é excelente cinema, o que Oliver Stone fez uma vez mais, mas é também uma obra de grande importância, na denúncia da monstruosidade em que transformaram o seu país, os EUA, e dos perigos que isso representa para a Humanidade. 
Numa sala quase cheia o impacto sobre os espectadores foi grande, assistindo em silêncio preocupado ao desvendar da existência e acção de um sistema tentacular, que se abate sobre todo o mundo, com raras excepções, podendo atingir quase tudo e quase todos, onde quer que estejam. 
E muitos, por falta de conhecimento científico, nem se aperceberão verdadeiramente da gravidade do que está a acontecer. Porque não se trata de ficção, é a realidade."



JULIETA, de Pedro Almodóvar, com Emma Suárez e Adriana Ugarte

"Longe vão os tempos do estilo frenético, que a crítica mais burguesa adorava, sob o qual se escondia já um grande realizador.
O tempo vem dar-nos razão e é num estilo depurado que este grande cineasta nos oferece agora uma nova belíssima obra, comovente e brilhantemente interpretada, em que são os corações, através dos sentimentos, que batem por vezes descompassadamente
Almodóvar continua, a cada novo filme, a afirmar-se como um dos grandes autores do Cinema Contemporâneo."



CAFÉ SOCIETY, de Woody Allen, com Seve Carell e Kristen Stewart

Mais uma pequena jóia que Woody Allen, o realizador, escritor e músico de jazz, nos oferece. Para ver quase sempre com um sorriso. 
Talvez os diálogos sejam, como sempre neste autor, algo complexos e rápidos, às vezes difíceis de acompanhar para quem tem que ler as legendas, e exijam algum conhecimento por parte de quem os ouve, neste caso até cinéfilo, mas, pela sua inteligência, dão-nos sempre muito prazer.
Gostei da piada sobre o judaísmo e o cristianismo! Só não soltei uma gargalhada porque parecia mal... Boa!



I, DANIEL BLAKE (Eu, Daniel Blake), de Ken Loach, com Dave Johns e Hayley Squires


Retrato doloroso do Reino Unido Século XXI (United Kingdom), mas que é também o duma Europa capitalista, situação que está a abrir caminho de novo, como nos anos 30 e 40 do século passado, a um populismo, racista e xenófobo, que em geral conduz ao fascismo como forma última que o capital tem de tentar controlar e esmagar as massas trabalhadoras.



LES BEAUX JOURS DE ARANJUEZ (Os Belos Dias de Aranjuez), de Wim Wenders, com Sophie Semin, Reda Kateb, Jenz Harzer e Peter Handke


"Não se pode esperar que esta recentíssima obra de Wim Wenders, estreada no Festival de Cinema de Veneza deste ano, venha a ter grande sucesso junto do público ou da crítica dominante. 

No entanto trata-se de um filme belíssimo para quem aprecie a chamada Sétima Arte. 
É que Wim Wenders pegou num texto quase abstracto, escrito para o teatro pelo dramaturgo alemão Peter Handke, seu velho conhecido. E o resultado é puro fascínio, com os dois principais personagens, uma mulher e um homem, Sophie Semin e Reda Kateb, conversando perante nós enquanto a câmara se movimenta suavemente." 




Sem comentários:

Enviar um comentário