SANTA LIBERDADE -
"Assalto ao Santa Maria", de Francisco Manso
Lamento não poder ir desta vez contra a crítica dominante, que muitas vezes denigre (ou ignora...) sem razão o cinema português, e defender, nem que seja minimamente, este filme de Francisco Manso.
Muitas vezes há obras que, embora formalmente, esteticamente, tenham interesse reduzido, no entanto pelo seu argumento nos interessam e às vezes muito. Infelizmente não é o caso deste filme, onde me parece que só o enquadramento inicial e final, que nada têm a ver com o filme, se podem considerar aceitáveis.
Fui aliás reler os dois capítulos, que Miguel Urbano Rodrigues, jornalista, dedicou à aventura de Galvão e dos seus companheiros, no primeiro volume da sua interessantíssima obra "O Tempo e o Espaço em que Vivi" (2002) (espero que o autor publique o 3º volume!), visto ele ter participado com relevo no acontecimento e conhecer os seus protagonistas. A verdade que o interesse do relato de Miguel Urbano Rodrigues, não tem correspondência no filme, que é afinal uma história romantizada, excessivamente simplificada (e parece-me que mal), laudatória da personalidade Galvão, que pouco terá a ver com a realidade. Até a realidade dos 24 participantes na tomada do Santa Maria e os quase 1000 tripulantes e passageiros que estavam no navio, são reduzidos anedoticamente.
Salva-se nesta "aventura" fílmica o desempenho de alguns magníficos actores, com especial relevo para Vítor Norte, no coronel fascista. De qualquer modo, se tiverem tempo e possibilidade, vejam e digam-me se concordam ou não comigo. E não deixam de ler o livro citado, se querem de facto perceber melhor o que passou nesta aventura que cobriu de ridículo o governo fascista de Salazar, em 1961, nas vésperas do início da Guerra Colonial.
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