Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

EU, DANIEL BLAKE (I, Daniel Blake), de Ken Loach

I, DANIEL BLAKE (Eu, Daniel Blake) 

Mais uma belíssima e importante obra porque fala dos tempos que atravessamos, do grande cineasta inglês Ken Loach.
É em Newcastle que assistimos à tragédia de mais um trabalhador doente e desempregado, que as teias do sistema capitalista, que como bem sabemos só favorece o capital, prende e arrasta até ao limite. 
Sob a capa de um simulacro de serviço social assistimos ao calvário de um homem cujo apoio, que deveria ser obrigatório numa sociedade justa (mas isso claro só no socialismo), é negado.
Nessa trajectória encontra outros seres humanos em idêntica situação a quem procura ajudar.
O filme também mostra algo extremamento doloroso de ver, mas bem real, como sabemos por experiência própria no nosso País, que é como o sistema capitalista se serve de alguns miseráveis a  quem explora para oprimir os outros trabalhadores.
Interpretações brilhantes de Dave Johns, como Dan, e da jovem actriz Hayley Squires, como Katie,  a jovem mãe que, encostada à parede, vê na prostituição o último recurso para salvar os dois filhos da fome. 
Retrato doloroso do Reino Unido Século XXI (United Kingdom), mas que é também o duma Europa capitalista, situação que está a abrir caminho de novo, como nos anos 30 e 40 do século passado, a um populismo, racista e xenófobo, que em geral conduz ao fascismo como forma última que o capital tem de tentar controlar e esmagar as massas trabalhadoras.

Lembrar ainda que o primeiro filme que vimos deste grande cineasta foi o famoso KES (Os Dois Indomáveis), de 1969, passado na região mineira do Yorkshire, uma vez mais numa misérrima situação social de então a servir de pano de fundo à história de um miúdo e do seu falcão, Kes. Belíssima obra que logo nos alertou, mesmo que a contra-corrente, para a existência de um novo grande realizador. 
Não há muito vimos entre as suas últimas obras, o extraordinário documentário, "O Espírito de 45" (Spirit of '45), sobre a trajectória do seu país, entre e após as duas grandes guerras mundiais, mostrando com bastante clareza como se processou a recuperação económica pelas mãos de uma política de esquerda no pós segunda Grande Guerra, após a derrota eleitoral do político de direita, Churchill e de como o retorno da política de direita, através do dito neo-liberalismo, da inominável e fascizante Margaret Thatcher, veio nos anos 80 destruir os direitos sociais do povo britânico e entregar de novo o poder ao grande capital, envolvendo o país em novas guerras - Malvinas, invasão e destruição da Jugoslávia para controlo dos Balcãs, Afeganistão, Médio Oriente, etc, etc, num prenúncio de um 3º conflito à escala mundial, em que o imperialismo nazi é substituído pelo norte-americano, mas sempre com o grande capital por trás a comandar.

NÃO PERCAM! 
E não liguem à subtil desvalorização que é feita à obra e ao seu autor pela maioria da crítica de cinema dominante, aliás paga pelo grande capital...







Sem comentários:

Enviar um comentário