Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

terça-feira, 4 de julho de 2017

PATERSON, de JIM JARMUSCH



PATERSON, de Jim Jarmusch (nascido em 22-Jan-1953, Akron, Ohio)


É uma obra de uma simplicidade tocante, passada em Paterson, New Jersey, em que o personagem principal, também chamado Paterson (magnífica interpretação de Adam Driver (1983, San Diego, Califórnia), intérprete do cinema independente, em "Frances Ha" (2012) e "Enquanto Somos Jovens" (2014), obras de Noah Baumbach, de que gostámos muito) é um motorista de autocarro que gosta de poesia e ele próprio escreve. 

O filme fala do quotidiano de Paterson e da sua mulher, Laura (a extraordinária Golshifteh Farahani, actriz iraniana, nascida em 1983, Teerão), dos pequenos incidentes do dia a dia, que Paterson transforma em poesia, que escreve no seu diário, em todos os momentos vagos e Laura adora, e Jarmusch nos oferece, para ler e ouvir (excelente ideia!). 

Jarmusch fez do seu filme também uma obra poética, que nos fascina pela sua beleza. Mas é uma visão idílica, num país que o é muito pouco, assolado pela exploração, pela violência, pelo crime, pela corrupção e por um povo que não deixam ser culto, que ignora a poesia e nunca ouviu falar em Allen Ginsberg (1926-1977) e muito menos em William Carlos Williams (1883-1963). Paterson não tem nem quer ter telemóvel, embora ironicamente acabe por aceitar um de uma jovem passageira para avisar a central que o autocarro que conduzia avariou, o que mostra quão difícil é recusar a utilização da informática que nos envolve nesta sociedade dita civilizada...

E há um bulldog, Marvin (Nellie), terrivelmente ciumento, que vai originar um dos momentos dramáticos da obra (que não vou contar), mas que nos faz sorrir um pouco amargamente, a quem aliás Jarmusch dedicará também a obra porque o cão actor faleceu inesperadamente durante o Festival de Cannes de 2016, onde a obra foi exibida, sem grande sucesso de critica mas sim de público. Marvin ganharia aliás o prémio do Festival, que alguns críticos acham ridículo, dedicado ao papel canino mais simpático (não sei quem vota...)

E mais uma série de personagens que Paterson vai conhecendo, incluindo as do bar por onde passa todas as noites, durante o passeio, obrigatório, com Marvin, o pacífico bulldog. E também um japonês, amante da poesia, que fechará o filme, com uma prenda simbólica a Paterson.

Recomendo a visão deste filme a todos os que amam a Poesia e aos amigos poetas facebookianos! Eu gostei!

(publicado no facebook em 3-Jul-2017)




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