PATERSON, de Jim Jarmusch (nascido em 22-Jan-1953, Akron, Ohio)
É uma obra de uma simplicidade tocante, passada em Paterson, New Jersey, em que o personagem principal, também chamado Paterson (magnífica interpretação de Adam Driver (1983, San Diego, Califórnia), intérprete do cinema independente, em "Frances Ha" (2012) e "Enquanto Somos Jovens" (2014), obras de Noah Baumbach, de que gostámos muito) é um motorista de autocarro que gosta de poesia e ele próprio escreve.
O filme fala do quotidiano de Paterson e da sua mulher, Laura (a extraordinária Golshifteh Farahani, actriz iraniana, nascida em 1983, Teerão), dos pequenos incidentes do dia a dia, que Paterson transforma em poesia, que escreve no seu diário, em todos os momentos vagos e Laura adora, e Jarmusch nos oferece, para ler e ouvir (excelente ideia!).
Jarmusch fez do seu filme também uma obra poética, que nos fascina pela sua beleza. Mas é uma visão idílica, num país que o é muito pouco, assolado pela exploração, pela violência, pelo crime, pela corrupção e por um povo que não deixam ser culto, que ignora a poesia e nunca ouviu falar em Allen Ginsberg (1926-1977) e muito menos em William Carlos Williams (1883-1963). Paterson não tem nem quer ter telemóvel, embora ironicamente acabe por aceitar um de uma jovem passageira para avisar a central que o autocarro que conduzia avariou, o que mostra quão difícil é recusar a utilização da informática que nos envolve nesta sociedade dita civilizada...
E há um bulldog, Marvin (Nellie), terrivelmente ciumento, que vai originar um dos momentos dramáticos da obra (que não vou contar), mas que nos faz sorrir um pouco amargamente, a quem aliás Jarmusch dedicará também a obra porque o cão actor faleceu inesperadamente durante o Festival de Cannes de 2016, onde a obra foi exibida, sem grande sucesso de critica mas sim de público. Marvin ganharia aliás o prémio do Festival, que alguns críticos acham ridículo, dedicado ao papel canino mais simpático (não sei quem vota...)
E mais uma série de personagens que Paterson vai conhecendo, incluindo as do bar por onde passa todas as noites, durante o passeio, obrigatório, com Marvin, o pacífico bulldog. E também um japonês, amante da poesia, que fechará o filme, com uma prenda simbólica a Paterson.
Recomendo a visão deste filme a todos os que amam a Poesia e aos amigos poetas facebookianos! Eu gostei!
(publicado no facebook em 3-Jul-2017)
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