“PRECIOUS” (Preciosa), de Lee Daniels, (EUA), **** (4)
Este filme é uma verdadeira pérola do Cinema Independente Nova-Iorquino, que começou por ser premiado justamente no Festival de Sundance, a mais importante mostra do cinema independente norte-americano e, depois de vários outros prémios, terminou com dois Óscares: para a melhor actriz secundária, Mo’Nique, no papel da mãe (Mary), que contracena com a extraordinária revelação, Gabourey Sidibe (Precious), nomeada para o Óscar de Melhor Actriz, que não seria injusto, diga-se de passagem, e para o melhor argumento.
Mas, talvez o mais importante dos prémios tenha sido no entanto o Prémio Especial do Júri do Festival de Cannes, e a ovação do público (europeu) nesse festival, que durou cerca de um quarto de hora (citado por João Moço, DN, 10fev10), para este filme claramente norte-americano, pela ambiência social e pelas personagens retratadas, pertencentes à enorme e quase sempre muito explorada comunidade afro-americana da sociedade daquele país, mas que não deixa de ser universal nas questões que aborda – desigualdade, iliteracia, miséria, droga, pedofilia, incesto, Sida.
Por este cunho de crítica social, não nos surpreende a desvalorização da obra que foi feita pela crítica ultra-conservadora portuguesa.
Em contrapartida, um crítico de qualidade superior no nosso meio, João Lopes, não hesita citar o grande John Cassavetes (1929-1989), como “referência tutelar”, em obras como “PRECIOUS”, o que é um enorme elogio!
O realizador, Lee Daniels (Filadelfia, 1959), pertence também à comunidade afro-americana e foi o segundo membro dessa comunidade a ser nomeado para um Óscar de melhor realizador (citado no IMDB)
Uma admirável obra a não perder. Recomendação que vai para além dos cinéfilos incondicionais.
Impressionante, comovente, mas não pessimista. Vão ver e depois digam-me se não tenho razão.
**** (4)
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