“DUAS MULHERES”, de João Mário Grilo, (POR), **** (4)
Primeira parte de uma projectada trilogia, “A Condição Humana”, do estudioso, crítico e realizador de cinema. Em minha opinião o mais perfeito dos seus filmes.
“Não faço grande diferença entre ficção e documentário. Sigo um bocado a vida à minha volta. E senti que era preciso dizer alguma coisa sobre o que eu chamaria um certo mal-estar, que parece uma coisa muito geral, pouco precisa. Aquilo que os alemães fizeram nos anos 20. (…) Mas não é apenas uma crise económica.” João Mário Grilo a João Antunes (JN, 29-Jun-10)
E consegue-o através das suas personagens. Os homens, que trabalham no ramo financeiro, o administrador profundamente católico, que fala sempre nos desfavorecidos, mas que especula com milhões e irá despedir os seus empregados quando necessário. Magnífica a cena do crucifixo, que antecede o sexo. Os seus jovens de confiança (yuppies), com muito poucos escrúpulos mas sempre prontos a agradar ao patrão. E as mulheres, com profissões liberais – a médica psiquiatra, que ascendeu socialmente ao casar com o gestor financeiro, e a modelo, que é também prostituta de luxo, que seduz a Drª. Joana (Beatriz Batarda).
Depois a tragédia há-de acontecer e teremos um final muito pessimista, que quando forem ver perceberão.
A direcção de actores é magnífica, com especial relevo para Beatriz Batarda, num papel surpreendente para quem a conhece do teatro, dos grandes papéis clássicos, como uma das melhores actrizes portuguesas da actualidade, quer no palco, quer no cinema. Brilhante!
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