LADRÕES DE BICICLETAS (Ladri di Biciclette), de Vittorio de Sica
Para quem possa, ver hoje, segunda-feira, 21.30, na Cinemateca Portuguesa. Julgo que será sem dúvida um dos mais belos e tocantes filmes da História do Cinema, obra-prima do Neo-Realismo Italiano, realizada no post-guerra, em 1947, por Vittorio de Sica.
http://images.search.conduit.com/ImagePreview/?q=ladr%C3%B5es%20de%20bicicletas&ctid=CT3241941&searchsource=15&CUI=UN34371507074683905&UM=UM_ID&start=0&pos=22
A história de um pai e um filho à procura da sua bicicleta roubada, necessária para o trabalho daquele homem, numa Roma saída da hecatombe mundial causada pelo fascismo e pelo nazismo.
Foi o topo da lista dos críticos, no famoso inquério da "Sight and Sound" (1952), mas em 2012 surge ainda na lista dos 10 Melhores Filmes de Todos os Tempos, escolhidos pelos realizadores, no mesmo inquérito! ("o mais humanista e político filme da história", Roy Anderson).
"Aos amigos cinéfilos
O comentário de um amigo ao afirmar que determinada lista que fizera se referia aos “filmes que mais o tinham tocado e que não esquecera”, fez-me pensar em elaborar uma síntese dedicada às obras cinematográficas que mais me marcaram.
É um exercício difícil dado que joga essencialmente com a memória, principalmente das emoções. Algumas obras, que também me impressionaram muito, ficaram provavelmente neste momento esquecidas. Há cenas, em especial da luta antifascista, que tanto marcaram a minha adolescência e juventude, que permanecem como marcas que o tempo penso nunca apagará da minha memória, mesmo que sejam de obras menores. Mas eis uma lista possível, por ordem cronológica:
As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath), John Ford, 1940
Casablanca, Michael Curtiz, 1942
Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette), Vittorio de Sica, 1948
Os Contos de Hoffman (The Tales of Hoffman), Michael Powell/Emerich Pressburger, 1951
O Rio Sagrado (The River), Jean Renoir, 1951
Shane, George Stevens, 1953
A Estrada (La Strada), Federico Fellini, 1954
Um Homem tem três metros de altura (A Man is Ten Feet Tall), Martin Ritt, 1957
Rocco e Seus Irmãos (Rocco e i Suoi Fratelli), Luchino Visconti, 1960
West Side Story, Robert Wise, 1961
Atenção – nasci em 38, em 1961 tinha 23 anos e da minha lista estão ausentes cinematografias fundamentais como a soviética, mas tive a infelicidade ter nascido durante a mais longa ditadura fascista da história, a portuguesa, de 26 a 74, o que significa que só conheci a liberdade no meu país aos 36 anos! Algumas das obras que mencionei foram vistas com cortes. Só muito mais tarde pude conhecer finalmente as versões integrais. Muitos dos filmes em falta neste período da minha vida só os vi no estrangeiro, já em plena maturidade, a partir dos 32 anos, razão porque os não menciono.
Todos os filmes que considerei fazem parte da história do Cinema e da Cultura. Alguns são Obras Primas absolutas. Mas a mim estas obras ensinaram-me essencialmente a compreender melhor o Mundo e a amar a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os Homens. A sentir que a Arte e a Cultura são inseparáveis de uma condição humana superior. A considerar sempre que, mesmo nas condições mais adversas, a Luta por um Mundo Melhor é um objectivo supremo duma condição humana que se deseje dignificada.
15abr03"
(publicado em post no Facebook)
SOU UM LADRÃO
ResponderEliminarSou um ladrão de palavras
dos conceitos que tu lavras
sou um ladrão de infinitos
dos conceitos dos aflitos
Sou um polidor de gritos
organizo-os em mitos
não serás tu que me entravas
à minha vontade não travas
Sou um ladrão não me encravas
no que escreva comparavas
àqueles que são os teus ritos
Minhas ideias são fitos
não me pertencem os cito
de cor e que tu desprezavas
( que fique claro, este tu é um hipotético ausente, nunca o meu amigo Egas Branco, muito antes pelo contrário e mesmo se o roubo )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Fevereiro de 2013
EGAS BRANCO
ResponderEliminarCaríssimo,
NOTA JUSTIFICATIVA DO POEMINHA ANTERIOR
Foi sugestionado não apenas pelo título do filme que aqui aborda mas também por declarações escritas por Manoel de Oliveira no já longínquo ano de 1989 encomendadas pela Sociedade Portuguesa de Autores ( SPA ) a propósito do dia do autor, declarações que trago sempre presentes, que este poema se balisa.
Manoel de Oliveira terá, então, escrito:
( ... ) " O autor é um ladrão subtil que surripia, qual antena, o que ao seu dispor lhe apraz e detecta e que sendo do domínio público, disponível, usufrui, transforma e recria como se a ele próprio lhe pertencesse, dando-o sempre de volta." ( ... )
Criado já tudo o foi e nós, limitamo-nos a recriar, como se fosse pouco, confessando-lhe a Si, meu Amigo, que me tem servido de inspiração.
Grande Abraço e desculpe-me
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Fevereiro de 2013