“LA
MIGLIORE OFFERTA” (A Melhor Oferta), de Giuseppe Tornatore (embora
a versão exibida seja infelizmente a inglesa)
A
primeira surpresa foi ver mais de 3 dezenas de espectadores numa sala
de um cinema de muitas salas (Corte Inglês), na última sessão em
que a obra ia ser exibida na nossa cidade, ao fim da tarde, o que é
magnífico. Aliás a obra havia esgotado a maior sala do S.Jorge,
durante a Semana do Cinema Italiano.
O
autor, Giuseppe Tornatore (27-Mai-1956), realizador e argumentista, é
o famoso cineasta siciliano que tem no activo alguns filmes notáveis,
alguns dos quais de que gosto muito, entre eles um dos mais belos
filmes de sempre sobre o próprio Cinema, amado por quase todos os
que gostam da Sétima Arte, que é o inesquecível “CINEMA PARAÍSO”
(1988). E julgo que se alguns o reprovam é principalmente por causa
da célebre cena das cenas dos beijos apaixonados, cortadas pela
censura fascista, em Itália, em Portugal, como sempre onde eles
dominam. Uns porque não gostam de beijos, outros porque os preferem
nos recônditos das sacristias, chamem-se Amaro ou outra coisa
qualquer.
“A
MELHOR OFERTA”, é de facto um filme muito interessante, a merecer
uma visão. De qualidade muito acima da média, na qual não parecem
ter reparado os críticos dos jornais dominantes. Os do “Público”
nem sequer se dignaram a ir ver (Posso rir?). Como não acredito em
coincidências, interrogo-me: porquê? Calculo qual é a resposta, já
que Tornatore sempre foi um “mal amado” pela crítica neo-liberal
dominante, consequência óbvia da sua crítica muito directa ao
fascismo no seu país, a Itália.
O
filme passa-se no meio dos que negoceiam com a Arte, com os seus
leilões, as suas pequenas e grandes trafulhices, com que se fazem
fortunas e em que os enganados são os novos e os velhos ricos, que
compram o que não conhecem e, às vezes, deixam escapar entre as
mãos obras que valem fortunas.
Não
vou falar sobre o argumento, porque o suspense não está dele
ausente, provocando desde início uma certa inquietação no
espectador. Estado de espírito que a música de um grande compositor
como Ennio Morricone (Roma, 10-Nov-1928) ajuda a criar. E as
interpretações são excelentes.
Referir ainda que muitas obras
de Arte estão presentes nas imagens, obras dos grandes mestres,
todas representando a Mulher. Se forem ver o filme irão compreender
a razão. Fizeram-me lembrar, por razões muito diferentes, os
fotogramas coleccionados pelo velho projeccionista, Alfredo, de
“Cinema Paraíso”, com os tais beijos apaixonados, que os
censores fascistas, às vezes de sotaina, mandavam cortar e destruir,
mas que o projeccionista (Philippe Noiret) guardava e que depois
deixava Totò ver.
Primeira
Nota , que não tem a ver com este filme: Uma recriminação ao DN
por ter cortado os nomes dos autores na lista de filmes em exibição,
juntando-se assim à prática de longa data, lamentável, do seu
congénere, o matutino “Público”, pertença do pouco culto
Belmiro. Quer queiramos quer não, essa presença ou ausência, é um
indicador da cultura de quem dirige a página cultural desses
jornais. Ou será que é assim tão caro? Tenho vontade de pôr um
epíteto mais desagradável mas vou deixar assim... Posso rir?
Segunda
Nota, sobre o que está em exibição na minha cidade, e gostava de
ver, mas por este andar, com a parca reforma que está a ser
sucessivamente saqueada por estes desgovernantes que ignoram
deliberadamente a Constituição que rege o País e que fazem tábua
rasa de compromissos assumidos, qualquer dia quase nada disto poderei
ver... Estou atento, não tenho é possibilidades de ver o que gosto!
Com
as respectivas “pontuações” (de 0 a 10) do IMDB. Eu sei que o
seu significado é muito pouco relevante, mera opinião dos leitores
daquele sítio da Internet, mas ordenei-os por aí, como uma ordem de
prioridades de visão:
-A
MELHOR OFERTA ( La Migliore Offerta), de Giuseppe Tornatore (8)
-NÃO
(No), de Pablo Larrain (7,5)
-PROFESSOR
LAZHAR (Monsieur Lazhar), de Philippe Falardeau (7,5)
-É
O AMOR, de João Canijo (7)
-FAUSTO
(Faust), de Aleksander Sokurov (7)
-O
CAPITAL (Le Capital), de Costa-Gravas (6)
-REGRA
DE SILÊNCIO (The Company You Keep), de Robert Redford (6)
-OS
AMANTES PASSAGEIROS (Los Amantes Pasajeros), de Pedro Almodóvar (6)
E
se ainda houver orçamento e tempo, por serem, julgo, os menos
interessantes:
-A
RAPARIGA DE PARTE NENHUMA (La Fille de Nulle Part), Jean-Clude
Brisseau (6)
-VIAGEM
DE FINALISTAS (Spring Breakers), de Harmony Korine (6)
Obs: Texto publicado em primeiro lugar no Facebook
Obs: Texto publicado em primeiro lugar no Facebook
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