NO TEATRO
Quem puder que não perca mais este magnífico
espectáculo da Companhia de Teatro de Almada (CTA), no Teatro Municipal Joaquim
Benite (TMJB), em Almada.
Vi ontem esta bela homenagem a uma das mais
brilhantes figuras do Século XX, revolucionário comunista e homem de grande
cultura, autor, para além da obra política e sociológica, de romances, pinturas e desenhos, obras que julgo que o
tempo nunca fará esquecer, dada a sua enorme dimensão humanista e enquanto
houver seres humanos neste nosso mundo. E apesar de, como tem acontecido nos
últimos tempos, as ideologias anti-humanistas procurarem silenciar o seu
testemunho, eliminando-o até de compêndios escolares (!) ou, o que é mais
grave, deturpando-o.
Um dos aspectos em minha opinião mais admiráveis
desta notável abordagem teatral foi a enorme sobriedade da encenação, com o
grande mérito de colocar as palavras em grande destaque. Tratava-se da
teatralização da defesa, depressa transformada em acusação contra o regime
opressor, feita pelo próprio Álvaro Cunhal no tribunal plenário, caricatura de
tribunal que o fascismo criou para condenar quem lhe caísse nas mãos (Tribunal
da Boa-Hora, 2 e 9 de Maio de 1950).
Essas palavras, ouvidas hoje, já na segunda década
do século XXI, continuam a ter, infelizmente, a maior das actualidades.
Julgo que Joaquim Benite, o Mestre precocemente
desaparecido, não teria feito muito diferente se tivesse tido ainda tempo para
realizar o seu sonho de criar e encenar esta peça.
Uma palavra de grande aplauso para o actor
principal, Luís Vicente, brilhante no desempenho dessa figura maior da nossa
Política e da nossa Cultura e para o encantamento que foi ouvir e ver o
"Acordai", de Fernando Lopes Graça, canção obrigatória nos tempos
sombrios por que passamos agora, interpretada pelo Coro dos Pequenos Cantores
do Conservatório de Lisboa. Um olhar para o futuro que nos tocou profundamente!
Admirável!
(texto publicado no facebook)
(texto publicado no facebook)
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