Meia dúzia de obras, no
teatro e no cinema, vistas recentemente (com estrelas de gosto e tudo, de 0 a
*****!)
1-Tudo Vai Ficar Bem
(Everything Will Be Fine), de Wim Wenders - um belo regresso do cineasta alemão
aos temas que lhe são caros - um acidente transforma a vida das pessoas nele
envolvidas e será necessário que o tempo passe para que todos deixem de
responsabilizar os outros no acontecido. (***)
2-Ponte dos Espiões
(Bridge of Spies), de Steven Spielberg
uma remasterização dos
filmes da Guerra Fria no que eles tinham de pior - uma propaganda cheia de
mentiras e ódio. Mais grave ainda por ser apresentada em invólucro de luxo: o
savoir faire da máquina de Hollywood. (0)
3-Montanha, de João
Salaviza
uma bela e agreste
primeira longa-metragem de um jovem cineasta português, sobre o que é ser
adolescente numa sociedade em declínio social e económico, onde o desemprego e
a droga grassa, que é o Portugal do início do século XXI com a política de
direita no poder. Com a mudança de política neste final de ano a esperança
renasce, mas o filme é anterior... (***)
4-Minha Mãe (Mia
Madre), de Nanni Moretti
Uma obra-prima deste
cineasta, numa bela homenagem, ficcionada, a sua mãe, a todas as mães. A
descrição dos sonhos dos personagens que atravessam a obra é um dos seus
aspectos mais interessantes, revelando os seus estados de espírito perante a
inevitabilidade do fim da existência de uma pessoa amada e admirada por muitos.
(*****)
5-Que Horas Ela Volta?,
de Anna Muylaert
As relações entre patrões
e criados, no seio da grande burguesia brasileira. Uma pedrada no charco do
cinema populista, com uma obra dirigida com admirável inteligência e
sobriedade. Episódio da Luta de Classes, visão marxista da sociedade, disseram
alguns e eu concordo. Vai concorrer aos Óscares (se passar os escolhos das
censuras...) e é mais que merecido. (****)
6-A Tragédia Optimista,
de Vsevolod Vichnievski, encenada por Rodrigo Francisco, para a Companhia de
Teatro de Almada
Uma peça escrita em
1932, na URSS, sobre a Revolução, por quem a viveu. Apesar da complexidade do
tema, que pretende abarcar diferentes visões de como transformar a sociedade,
não deixa de nos impressionar e principalmente fazer pensar. Só por isso,
discorde-se ou não dos aspectos mais controversos da encenação e do próprio
texto escolhido (a peça teve várias versões, talvez intenção de Vichnievski
para a tornar mais clara, penso eu, e aqui pesa obviamente o que se quer
salientar....) vale a pena assistir.
Interpretada por
actores profissionais e muitos estudantes da Escola Superior de Teatro e
Cinema, uma referência para a novel estrela da Companhia e não só, Ana Cris.
(***)
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