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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 20 de março de 2017

O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR, de Dziga Vertov (URSS)




OBRAS-PRIMAS DA SÉTIMA ARTE (continuação)

No ano em que se comemora o centenário (1917-2017) da mais bela das revoluções da história da Humanidade, a Revolução de Outubro, falamos de novo das grandes obras das primeiras décadas da história da URSS, período dos mais fecundos sob o ponto de vista de inovação das artes, nomeadamente do Cinema.
Relembremos a obra-prima de Dziga Vertov e seus colaboradores.








O Homem da Câmara de Filmar (Celovek s Kinoapparatom) (Человек с киноаппаратом) (URSS-1929), de Dziga Vertov (1h20') 


O seu autor, Dziga Vertov (Denis Arkadievitch Kaufman - Bialystok, Império Russo (hoje Polónia) 2-Jan-1896 - Moscovo, URSS, 12-Fev-1954) , juntamente a sua companheira, Yelizaveta Svilova (Moscovo, 5-Set-1900 - 11-Nov-1975) que editou a obra e o seu irmão, Mikhail Kaufman (Bialystok, 5-Set-1897 - Moscovo, 11-Mar-1980), que a interpretou como o homem da câmara de filmar, publicaram o manifesto "Cinema-Olho" ou Cinema-Verdade", de que este filme é um primeiro, brilhante e inesquecível resultado.

Em 2012, a famosa revista Sight and Sound, publicada pela cinemateca britânica (BFI), no seu inquérito, a cada década desde os anos 50, aos principais críticos de cinema por todo o mundo para escolherem os Melhores Filmes de Sempre, coloca esta obra de Dziga Vertov como a 8ª mais citada entre as 250 que a revista inclui na sua lista, onde estão obviamente quase todos os melhores filmes feitos desde o nascimento da 7ª Arte.

Ao revê-la agora, mais uma vez, continua a impressionarmo-nos muito pela inventiva dos planos e das técnicas cinematográficas utilizadas, isto apesar dos avanços tecnológicos nas câmaras, no quase um século decorrido até hoje.

Mas é o olhar que continua a tudo, ou quase tudo, determinar e obviamente a montagem posterior do material filmado e que transformam este filme num fluxo admirável de imagens sobre a vida dos trabalhadores na sociedade soviética, poucos anos depois da vitória da Revolução Socialista de Outubro (7-Nov-1917, no nosso calendário), não esquecendo as imagens do tempo de descanso, pago, conquista também da Revolução, que os trabalhadores na sociedade capitalista só haveriam de conquistar em 1936, no governo da Frente Popular, em França. 

Há quem lhe chame hino ao progresso, ao Homem do futuro e eu concordo, com as imagens das fábricas e dos trabalhadores mas também do ritmo frenético da vida numa grande cidade.

O homem da câmara de filmar (Mikhail Kaufman, o cineasta irmão de Dziga Vertov) surge-nos sempre como mais um trabalhador, como os operários das fábricas ou das minas ou as operadoras das comunicações, que tem como tarefa filmar o que se passa, e não como alguém que apenas observa. 

Há um aspecto que se salienta muito das imagens desta obra-prima, aliás como da maioria dos grandes filmes soviéticos dessa época do início da construção do Socialismo, que é a da emancipação da Mulher, que se pretende igual ao Homem, em direitos, depois da Revolução.

Tudo isto sem um carácter panfletário. São antes as imagens que nos mostram a realidade.

Uma obra-prima absoluta do documentário e da 7ª Arte.








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