Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

FEDRA, de Racine, encenação de Armando Caldas



FEDRA 

Belíssima adaptação de um clássico do Teatro Grego, da autoria de Eurípedes, mas que outros autores revisitaram, de Séneca a Racine, passando depois até por Eugene O'Neill (Desejo sobre os Ulmeiros) e já perto de nós pela inesquecível Sarah Kane. 

Desejo, paixão, ciúme, remorso, mas de que a pura traição está de certo modo arredada, toda uma gama de fortíssimos sentimentos que fazem parte da complexa natureza humana, num texto que possibilita múltiplas leituras, centradas nas duas principais personagens, a mulher do rei (Fedra) e o seu enteado filho e primogénito daquele (Hipólito). 
O autor desta versão para o Intervalo Grupo de Teatro, Manuel Jerónimo, fez a sua, que se aproxima muito, julgo eu, da que hoje talvez possa ser para nós quase consensual, partindo do texto de Racine. 

Pelo despojamento da cena, muito bem complementado pelo acompanhamento sonoro, pela magnífica interpretação (outra vez uma bela direcção de actores, que conseguem escapar, em minha opinião, ao excessivo da representação que não apreciamos) a encenação surpreende-nos pela qualidade. Gostaria de citar alguns, incluindo os protagonistas principais, que achei por vezes brilhantes, mas deixarei isso para outro texto.
Voltará àquele palco no Dia Mundial do Teatro, 27 de Março. SE PUDEREM NÃO PERCAM!
Só numa curiosidade histórica, lembrar uma adaptação ao cinema, feita por Jules Dassin, o famoso cineasta norte-americano que foi obrigado a refugiar-se na Europa para escapar ás perseguições fascistas no seu país, os EUA, no pós-2ª grande guerra, durante um dos períodos mais fascizantes da política norte-americana, que ficou conhecido por maccarthismo. 
A obra, intitulada também, como em Racine, Fedra, teve no principal papel a bela Melina Mercouri, actriz grega e activista contra o regime dos coronéis no seu país e companheira de Dassin, com quem fez algumas obras notáveis. 

Derrotado o fascismo, Melina chegaria a ministra da cultura da Grécia. Dassin adaptou a obra à actualidade da altura e o rei transformou-se num armador grego... 

Visto no auditório Lourdes Norberto, Linda-a-Velha, em 24-mar-2018)

(um belo texto sobre este espectáculo: 
http://www.avante.pt/pt/2312/argumentos/149190/ )






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