Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

LUZ OBSCURA, de Susana de Sousa Dias



UMA OBRA EXTRAORDINÁRIA - LUZ OBSCURA 

Terceira parte da trilogia realizada por Susana de Sousa Dias sobre o fascismo em Portugal e os Resistentes Revolucionários, que o regime perseguiu, prendeu, torturou e nalguns casos assassinou - "Natureza Morta", "48" e "Luz Obscura". A realizadora utilizou principalmente materiais dos próprios arquivos da PIDE: as fotos. 

Vi todos e entre os dois mais recentes é difícil escolher qual o melhor: "48" com uma utilização magistral da imagem, "Luz Obscura" em que é o raro tratamento do som que se destaca, sobre imagens também invulgares e por vezes de grande qualidade estética no seu tratamento fílmico. 

Recuso-me a escrever sobre o que não vi, limitando-me nesse caso apenas a partilhar sugestões alheias, mas agora que já vi e gostei muito já posso dar conta do meu gosto perante esta obra notabilíssima da cineasta portuguesa, já muito premiada no estrangeiro mas que só agora chega à nossa cidade em exibição comercial, numa curta série de sessões. O costume num País em que o nosso melhor é sistematicamente esquecido ou mesmo ignorado pelos Media existentes, por ignorância, despeito ou censura ideológica. Afinal tratava-se só da obra mais importante em exibição em Lisboa... 

Por agora vou ficar por aqui mas mais tarde hei-de citar ainda alguns aspectos da obra que me levam a considerá-la como de obrigatória visão, em especial para as gerações mais jovens. 

Salientar ainda que é sobre Octávio Pato, o revolucionário, o militante comunista e sobre a sua Família, e sobre o que todos sofreram pelas perseguições, prisões e até assassinatos (Carlos Pato, irmão de Octávio assassinado em 1959 pela PIDE) de que foram vítimas nesses anos tenebrosos da vida do nosso País. 

Susana de Sousa Dias ouve os três filhos, Carlos, Isabel e Rui, em testemunhos comoventes porque a emoção está sempre presente. Do mais velho, Carlos, fica o relato final da sua prisão em 1973, quando o regime fascista acossado dava sinais de não conseguir durar muito mais. Isso não impediu a ferocidade dum tratamento selvagem aos presos políticos pelos agentes da PIDE, então já designada DGS. Onde estão agora esses torcionários, ainda jovens e de formação intelectual superior aos velhos agentes, pergunta Carlos Pato e a pergunta fica a ecoar nos nossos cérebros, alertando-nos para que não podemos esquecer, porque o fascismo continua à espreita de condições para medrar como erva daninha entre os podres duma sociedade capitalista cada vez mais exploradora, mais injusta e em crise, utilizando o populismo para arrastar os menos esclarecidos ... como acontecimentos recentes, no estrangeiro principalmente, demonstram (Ucrânia, Hungria, Itália, etc) 

Uma obra-prima do cinema documental !






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