“O MENTIROSO” (Il Bugiardo), de Carlo Goldoni, encenado por Armando Caldas, para a companhia “Intervalo – Grupo de Teatro”, no Auditório Lourdes Norberto, em Linda-a-Velha, **** (4)
É uma das mais conhecidas entre as 50 comédias escritas pelo famoso dramaturgo italiano, Carlo Goldoni, nascido em Veneza em 1701 e falecido em França em 1793.
O “Intervalo” criou, uma vez mais, um espectáculo que muito nos diverte, com sorrisos do princípio ao fim e algumas gargalhadas pelo meio, também porque, as peças deste autor, filiadas na “Comédia dell’Arte”, corrente do teatro popular dos séculos XVI e XVII, têm, pela caracterização das personagens, um universalismo que permanece actual.
A companhia havia já apresentado esta peça em 1999, também com encenação de Armando Caldas, com o mesmo cenário de Octávio Clérigo, que continua a suscitar-nos grande admiração pela sua beleza (tal como então, quando provocou palmas assim que o pano abriu, como o encenador recorda no programa do espectáculo de agora).
Existem algumas traduções de várias peças de Goldoni (a última das quais suponho que seja a recentíssima, em 2008, de Jorge Silva Melo, o que mostra como Goldoni continua a suscitar o nosso interesse). Para “O Mentiroso” foi todavia utilizada a tradução de Grazia Maria Saviotti.
Relembre-se a propósito (como referido no programa), que foi o marido, Gino Saviotti, quem encenou a primeira apresentação desta peça em Portugal, com a companhia “Teatro de Sempre”, em 1958, sendo Armando Caldas um dos actores (Florindo). O grande actor Rogério Paulo (Lélio) escreveu então algumas notas sobre o teatro de Goldoni, que o programa do “Intervalo” transcreve e, por favor, não deixem de ler!
Recorde-se também a colaboração de Grazia e Gino Saviotti (“História do Teatro Italiano” e “Obras-Primas do Teatro Italiano”), numa das mais famosas colecções de Divulgação Cultural (em todos os domínios - científico, artístico, sociológico, político), a inesquecível Biblioteca Cosmos, dirigida por Bento de Jesus Caraça, publicada apesar da feroz censura fascista existente em meados do Século XX em Portugal.
Uma palavra é devida ao bom gosto da encenação e ao trabalho dos actores, bastante coeso como é timbre do grupo, mas com o destaque óbvio para os principais personagens desta comédia – o Doutor Balanzoni (João Pinho), Pantalão (Fernando Tavares Marques) e Lélio (Carlos Paiva).
A não perder.
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EXPOSIÇÃO
Já que vamos a Linda-a-Velha, não deixar de ver, em Algés, no Parque Anjos – Centro de Arte Manuel de Brito (onde o Grupo de Teatro já esteve sediado, então com o nome de “Primeiro Acto”) uma magnífica exposição, de e sobre um dos grandes gravadores portugueses, Bartolomeu Cid dos Santos (1931-2008). Relembre-se a propósito o magnífico filme que sobre ele fez Jorge Silva Melo, “Por Terras Devastadas”. (exposição até 16 de Maio)
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