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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

BELLAMY, de Claude Chabrol


HOMENAGEM A CHABROL - MAIS PRAZER CINÉFILO: "BELLAMY"

Foi nos anos 60 que comecei  a ver as obras de Claude Chabrol (Paris, 24-Jun-1930 – 12-Set-2010), as que chegavam até nós. Creio que foi “À Double Tour” (Quem Matou Leda) (de 1959), o primeiro que vi, nessa longínqua época, numa sessão de um dos cineclubes de então - ABC, Imagem ou CCUL, embora, pela minha condição de estudante, fosse sócio do CCUL, numa dessas associações que nos ajudaram a ver Cinema e não só, nesses tempos plúmbeos e medíocres.
E a partir daí foi sempre com um redobrado prazer cinéfilo que segui a sua carreira.  É um dos autores de que não gostava de perder nova obra, à semelhança do que acontece com alguns outros cineastas e obviamente com alguns escritores. Mesmo que a não consideremos no conjunto do melhor do seu autor.
Não é no entanto, na minha opinião, o caso de “Bellamy”, que Chabrol dedicou a dois “Georges”: obviamente Brassens e Simenon, que também são para nós, não por acaso, duas referências.


http://images.search.conduit.com/ImagePreview/?q=marie%20bunel&ctid=CT3241941&searchsource=15&CUI=UN34371507074683905&start=0&pos=9

É que o filme é muito bom, embora no entanto se trate de uma obra um pouco à margem, em minha opinião, do conjunto da filmografia de Chabrol, ele que é muito justamente considerado um crítico, agudo e mordaz, da vida burguesa, mais da grande e média que da pequena burguesia. Digamos que aqui ele alarga a sua observação do comportamento humano, num retrato complexo, pela sua imbricada teia de relações, mas em que o humor não está ausente.
Teria ou não Chabrol ideia de que poderia ser o seu último filme, suponho que ninguém saberá. Mas não deixa de ser algo premonitório que o tema aborde a morte, ou o desejo dela, como motivo principal. Mas não deixo de concordar com os que detectam alguma influência neste filme, nas suas personagens, da escrita da grande escritora inglesa, do género policial, Ruth Rendell (que Chabrol adaptou com brilho  noutras obras, a partir de alguns dos seus romances).   É magnífico que na sua derradeira obra Chabrol, homenageie, embora discretamente, dois dos grandes autores do Policial, Simenon e Rendell, de cuja escrita gostava muito, tal como eu.


http://images.search.conduit.com/ImagePreview/?q=claude+chabrol&ctid=CT3241941&SearchSource=15&FollowOn=true&PageSource=ImagePreview&SSPV=&start=35&pos=1

De salientar ainda a cativante interpretação de Marie Bunel, como Madame Bellamy (Françoise), a mulher do Inspector, que fica na nossa memória cinéfila. Por outro lado Gérard Depardieu é excelente. O seu Bellamy tem de facto bastante a ver com Maigret, pelo menos como eu o imagino.
As alegações finais do jovem advogado de defesa, no julgamento do pretenso homicida que havia pedido auxílio a Bellamy, servindo-se dos versos de Brassens é uma ideia para mim original, porque não me lembro de outra igual.
E para terminar, suponho que quem viu reparou, nessa imagem de marca do grande cineasta francês, que nos acompanha desde o primeiro filme e que neste, embora seja um filme muito de interiores, não deixa de surgir para nosso encantamento. O desfilar da copa das árvores perante os nossos olhos, ou os dos infelizes ocupantes dos automóveis, carros que neste filme têm papel determinante, no início e final da obra...
Por tudo isto, é um prazer, cinéfilo em primeiro lugar.
E lamento muito por não poder ver mais nenhuma nova obra deste cineasta que tanto apreciávamos.

(publicado no Cartaz de Cinema / Público / Indeks)



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