Em dia de chuva persistente, resolvi ir ao
cinema, na esperança de ver alguma coisa que me agradasse, tendo em conta que
já tinha visto (suponho) tudo o que de muito bom estava em exibição e valesse a
pena ("César Deve Morrer", "Bellamy", "Para
Roma com Amor"), com excepção de dois filmes portugueses (modestos, a
acreditar na crítica ... posso rir?), mas que para mim eram demasiado pesados
para um dia tão lúgubre como o este, e que são "Aristides Sousa
Mendes" e Operação Outono" (este sobre o assassinato, pela PIDE, do
General Humberto Delgado), mas que irei obviamente ver, por muitas
recomendações em sentido contrário que me "façam" os críticos
dominantes...
E não é que fui surpreendido por uma
obra notável!?
"DETACHMENT" (O
Substituto), realizado por um multifacetado artista londrino (1952), TONY KAYE,
que depois verifiquei ser o autor de "AMERICAN HISTORY X" (América
Proibida), sobre o racismo e os movimentos neo-nazis nos EUA e também autor de
um, ainda mais famoso, documentário, que a distribuição que temos censurou,
sobre a situação do Aborto nos EUA, "LAKE OF FIRE".
http://thefilmstage.com/news/tony-kaye-updates-pending-long-delayed-projects/
O DETACHMENT (O Substituto), tem como
pano de fundo o deplorável estado da nação, os EUA, que atinge as camadas mais
jovens, a maioria sem futuro nem esperança e de como a Escola lida com isso,
levando ao desespero os professores mais atentos e conscientes.
Adrien Brody, o famoso actor de "O
Pianista", de Roman Polanski, entre outras excelentes interpretações, é na
obra de Tony Kaye o professor que não quer criar amarras, por razões pessoais,
e se limita a ser um professor substituto, com contratos ocasionais.
Obra sensível, que nos toca, em que Kaye
é um verdadeiro autor, desdobrando-se entre a realização e a direcção da
fotografia, que é magnífica. E entregou um dos principais papéis à filha Betty,
excelente na jovem estudante Meredith.
http://www.ineedmyfix.com/2012/03/14/more-humpday-treats-adrien-brody-premieres-detachment-in-nyc/
Para não me prolongar agora mais, só
como nota final: dizer que julgo tratar-se de uma daquelas jóias que vêm do
cinema independente (como não sou crítico não sei se esta classificação de
independência em relação à grande indústria estará correcta...) e lamentar que
um filme como este, tão interessante e que faz pensar, ao fim de uma semana já
não conste da lista dos 10 filmes recomendados (entre os quais estão obras de
pouca qualidade) pelos críticos do quotidiano "Público". E esta? Ou
será que convém fazê-lo esquecer, antes que alguém se lembre de o ir ver? (por
acaso a sala onde fui tinha bastante gente e na minha fila estava um homem do
Teatro que muito admiro, pela sua obra).
(publicado no facebook e no indeks/ cartaz de cinema)
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