BALANÇOS (II) - NOS
PALCOS EM 2012: O QUE MAIS ME IMPRESSIONOU
(já publicado no Facebook)
HOMENAGEM
2012 ficará marcado
por um acontecimento que nos deixou a todos abalados, que foi desaparecimento de Joaquim Benite, um dos
grandes nomes do Teatro Contemporâneo - encenador, director da Companhia de
Teatro de Almada, do Festival Internacional de Teatro de Almada e do Teatro
Municipal daquela cidade.
A sua inteligência e
dinamismo, e o saber rodear-se de uma grande equipa, permitiram-lhe conseguir
fazer do Festival de Almada um dos três grandes festivais de teatro europeus.
As suas encenações,
que nas últimas décadas não tenho perdido, são das que mais gosto no panorama
português e não só, já que através do Festival de Almada temos visto alguns dos
trabalhos dos melhores encenadores europeus.
A sua morte é uma
grande perda, como reconhecem internacionalmente os seus pares, para o Teatro,
para a Cultura, para a vida nacional, já que era também um cidadão empenhado
nas causas sociais por um mundo melhor, sendo membro do PCP.
OS ESPECTÁCULOS
Sobre os espectáculos que vi em 2012, cito aqui o que mais apreciei, numa escolha sempre difícil, porque acabo por deixar de fora da lista dos 10 MAIS, outros espectáculos de que também gostei muito:
Sobre os espectáculos que vi em 2012, cito aqui o que mais apreciei, numa escolha sempre difícil, porque acabo por deixar de fora da lista dos 10 MAIS, outros espectáculos de que também gostei muito:
1-Em primeiro lugar
duas reposições da “CTA”, ambas aliás com encenação de Joaquim Benite: “O
Carteiro de Pablo Neruda”, adaptação do saudoso teatrólogo Carlos Porto, do
romance do escritor chileno António Skármeta e “Tuning”, de Rodrigo Francisco.
Duas encenações que considero excepcionais de dois magníficos textos.
2-Da “Cornucópia”
chegaram-nos em estreia dois espectáculos de superior qualidade: “O Sonho da
Razão”, uma colagem de textos de autores franceses (Diderot, Voltaire,
Sade, Voisenon) feita, encenada e representada por Luís Miguel Cintra e com
actores da “Cornucópia”; e “Os Desastres do Amor”, outra colagem de Luís Miguel
Cintra, agora de peças de um clássico, Marivaux, resultando noutro espectáculo
extraordinário, com representações excelentes, entre quais se salienta Rita
Blanco e também um nome grande do cinema, Teresa Madruga (lembrar o famoso “A
Cidade Branca”, do cineasta suíço Alan Tanner).
3-De “A Comuna”, veio
“A Controvérsia de Valladolid”, de Jean-Claude Carrière, de quem tanto
apreciamos a sua colaboração no cinema, interessantíssimo texto, encenado e representado por Carlos Paulo, juntamente com uma equipa de grande qualidade de actores daquela companhia.
4-Do “Intervalo Grupo
de Teatro”, de Linda-a-Velha, uma encenação de “George Dandin”, de Molière,
pelo actor, encenador e grande dinamizador daquele grupo, Armando Caldas, num
magnífico espectáculo de uma companhia que continua a ser injustamente
esquecida nos media, mas de que gostamos muito.
5-Do “Teatro
Meridional”, “O Senhor Ibrahim e As Flores do Corão”, baseado num texto de
Eric-Emmanuel Schmitt, com versão cénica, encenação e interpretação de Miguel Seabra
e que considero o espectáculo de palco de que mais gostei este ano porque,
apesar da sua sobriedade, tem uma carga poética e emocional rara.
6-Da CTA, em parceria
com o Teatro Nacional de S.João, do Porto, veio “O Mercador de Veneza”, de
William Shakespeare, com encenação de Ricardo Pais. Sendo uma das complexas
peças do mestre, esta encenação não desmereceu da grandeza da obra e foi um
notável sucesso de público.
7-De um dos grandes
encenadores e actores contemporâneos, Peter Stein, um fascinante “Fantasia
Fausto”, a partir de Goethe. Aliás Peter Stein havia encenado “Fausto”, num
espectáculo de 19 horas de duração, para Exposição Universal de Hannover, em
2000.
8-Um espectáculo
maravilhoso - de circo, teatro, dança, “Murmúrios dos Muros”, pela Compagnie
des Petites Heures, com criação e encenação de Victoria Thierrée-Chaplin, filha
de Charles Chaplin e Oona O’Neill, que como sabemos era filha do grande
dramaturgo Eugene O’Neill.
9-E da famosa
coreógrafa belga, Anne Teresa de Keersmaeker, um espectáculo de dança, “En
Atendant”. Um puro e raro fascínio, depurado e belo!
10-Outro espectáculo
ainda, de dança, música, teatro, que nos surpreendeu pela enorme qualidade foi
“A Idade de Ouro”, com direcção de Pedro G.Romero e com Israel Galván. Aqui contaram
também as condições, nessa noite extraordinárias, apesar do frio de Julho, ou
talvez também por isso, do Palco Grande, ao ar livre, no Festival de Almada, em
que até a Lua colaborou...
11-Fica para o fim,
porque foi o único que ainda não conseguimos ver, mas de referência
obrigatória, derradeira encenação de Joaquim Benite, já estreada no Festival de
Mérida, e agora reposta em Almada, de “O Timão de Atenas”, de William
Shakespeare. Com o falecimento do encenador, foi o jovem dramaturgo e encenador,
Rodrigo Francisco, seu adjunto e agora novo director da CTA, a concluir este
trabalho. Tencionamos vê-lo em Janeiro.
Nota Final
Devo dizer que 2012
foi para mim, pessoalmente, um ano muito mau por todas as razões, até de saúde,
que não me deixaram ver tudo o que gostaria. Falhei, entre outros, por exemplo,
um dos espectáculos que mais me interessaria, “Feliz Aniversário”, de Harold
Pinter, encenado por Jorge Silva Melo, para os “Artistas Unidos”, companhia de
que gosto também muito.
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