Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

PEQUENAS NOTAS SOBRE BONS ESPECTÁCULOS VISTOS NESTE VERÂO (PARTE II )





14 de Julho, FRÄULEIN JULIE (A Menina Júlia), baseado na peça de August Strindberg, dramaturgia e encenação de Katie Mitchell e Leo Warner, pelo companhia berlinense Schaubühne am Lehniner Platz



Se nesta apresentação o texto, que à época (1888) foi considerado por muitos como maldito e até impedido de ser representado pelas suas conotações sociais - a dama grande burguesa que tenta seduzir John, criado do solar, culminando o drama nas festas do solstício de Verão, que naquelas paragens do norte tem uma noite quase inexistente, propícia a todos os excessos - só será provavelmente reconhecido pelos que o apreciam.
Restarão portanto as relações entre cinema e teatro, que os encenadores quiseram mostrar. colocando neste caso o olhar principalmente na terceira personagem da peça, a criada Kathleen, que está noiva de John. 

Julgo que, para os que não conhecem a obra-prima de Strindberg, e mesmo para alguns de entre eles, o resultado seja decepcionante. 

Espectáculo de festival, controverso, pelas visões muito diferentes que origina. Há saída ouvi, de um publico que já de si é em princípio conhecedor, os "adorei" e os "detestei"...

Acaso, ou não, já tínhamos visto no início deste ano uma uma belíssima adaptação d' A MENINA JÚLIA, no cinema, pela actriz e realizadora sueca Liv Ullmann, uma das preferidas de Ingmar Bergman. Obra que no entanto também suscitou polémica e basta recordar as críticas então lidas... 

Este exercício da Schaubühne acabou por ser para nós um complemento, um termo de comparação, sendo a movimentação dos homens das cãmaras, no seu estranho "bailado", o que para nós foi mais interessante, procurando sempre seguir-lhes o resultado no grande ecrã do fundo palco, onde a imagem segundo os encenadores era sempre real e directa.



17 de Julho, HOMENAGEM AO BALLET GULBENKIAN, pela Companhia Nacional de Bailado, na Sala Grande do Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada

Homenagens

Mais um belo momento no 32º FESTIVAL DE ALMADA, com a homenagem ao saudoso Ballet Gulbenkian (1961-2005), em espectáculo da CNB - Companhia Nacional de Bailado (criada em 1977, por Armando Jorge), e também, no bailado "Será que é uma Estrela?" (2015), de Vasco Wellenkamp à sua companheira e grande bailarina, Graça Barroso (1950-2013), estrela maior do Ballet Gulbenkian.

Este bailado foi momento alto do espectáculo no Festival de Almada, emocionante e belíssimo, também com a voz, ao vivo, da Maria João, acompanhada ao piano por João Farinha.

O espectáculo foi magnífico, com trabalhos que foram êxitos do BG, dos grandes coreógrafos que são Olga Roriz, Hans Van Manen e Ohad Naharin.
Para nós foi um retorno à memória dos anos 60, 70, 80, em que acompanhámos como espectadores a maioria dos espectáculos (alguns inesquecíveis!) da companhia extinta, destruída em 2005 por razões que nunca chegámos a compreender bem mas que foi obviamente um lamentável acto de lesa cultura. 

Não esquecer que a criação do Ballet Gulbenkian, nos anos 60, foi pedrada no charco da quase total mediocridade cultural do fascismo salazarista, tal como o foram por exemplo, em diferentes alturas, o novo cinema português, o teatro independente ou o movimento cineclubista.

Nunca é demais lembrar os pares Walter Gore e Paula Hinton, Carlos Trincheiras e Isabel Santa Rosa, Vasco Wellenkamp e Graça Barroso, a ele ligados ao longo das cerca de 4 décadas de existência. Mas seria injusto esquecer Jorge Trincheiras, Armando Jorge, Isabel Queiroz, Mirko Sparembleck, Jorge Salavisa, entre muitos outros.



18 de Julho, AL PANTALONE, de Mário Botequilha, encenado por Miguel Seabra, para o Teatro Meridional, no Palco Grande do Festival de Teatro de Almada

A Comédia dell' Arte mais uma vez em Almada e a fechar o seu famoso festival de teatro!

"(...) Não têm vergonha nenhuma! Aldrabões! O que me espanta é que ainda haja quem acredite nesta gente... A propósito, o "AL PANTALONE", a peça do Mário Botequilha, encenada pelo Miguel Seabra para o Teatro Meridional, que ontem vi no Festival de Teatro de Almada no espectaculo de encerramento, retrata-os bem, aos banqueiros, aos desgovernantes e a essa gente que os rodeia e que tenta entrar-nos em casa... pela televisão... Eu não deixo!"

O 32º Festival de Teatro de Almada terminou.





Brilhantemente com "AL PANTALONE", texto de Mário Botequilha, encenação de Miguel Seabra, representação (excepcional!) do Teatro Meridional, homenageado esta noite por ter sido o vencedor da votação do público em 2014. 

As imagens são de um vulgar espectador (eu), no Palco Grande e só dão uma pequena imagem da grande bancada a transbordar com as várias centenas que conseguiram arranjar lugar.
E já tenho programa para o 33º! (se conseguir estar presente) 
Não vou falhar o espectáculo que o público escolheu este ano - "Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas", que Joana Craveiro criou e interpretou, com sua companhia "Teatro do Vestido". 
Confesso que o director do Festival, Rodrigo Francisco, me pregou um susto quando por brincadeira disse que o prémio teria ido para uma companhia distante, num espectáculo com muitos actores. Cheguei a imaginar o pior... Mas assim a satisfação ainda foi maior... 

Até para o ano, Amig@s festivaleir@s!





24 de Julho, RUMO À FELICIDADE (Till Glädge), de Ingmar Bergman

Quem se lembra de mais esta obra-prima do mestre sueco Ingmar Bergman? Dramática obra que percorre sentimentos que vão da felicidade à tragédia. Belo e trágico, realizado em 1950, continua a emocionar os espectadores. Maj-Britt Nilsson (Marta), Stig Olin (Stig Ericsson) são o casal de violinistas e o grande actor e realizador Victor Sjöström, o maestro Sönderby, num dos seus grandes desempenhos. 

Em exibição num mini ciclo de obras restauradas de Bergman, a decorrer este Verão no cinema Nimas em Lisboa e também no Porto no TM Campo Alegre e depois no Medeia Monumental. Se gostam de cinema e puderem não faltem.


(continua)

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