Cultura!

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OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

sábado, 15 de agosto de 2015

REGRESSO A CASA (GUI LAI) de ZHANG YIMOU



"REGRESSO A CASA" (GUI LAI)

"Regresso a Casa" (Gui Lai) é um belíssimo melodrama, uma história de um grande amor, realizada pelo cineasta chinês, Zhang Yimou, um dos mestres do cinema contemporâneo, com o lirismo, a contenção e a beleza formal habituais, permitindo mais uma grande interpretação à muito bela actriz Li Gong (Feng Wanyu), magnificamente acompanhada por Chen Daoiming (no seu companheiro Lu Yanshi) e Huiwen Zhang (em Dandan, a filha bailarina).

O autor de obras admiráveis de movimento e espectáculo, como "Herói", "O Segredo dos Punhais Voadores", "A Maldição da Flor Dourada", etc, oferece-nos agora uma obra intimista, tendo como pano de fundo anos conturbados da vida social no país mais populoso do mundo, no seguimento das brutais invasões do seu território pelo imperialismo japonês, antes e durante a 2ª Grande Guerra (que Yimou aliás mostrou no seu extraordiário filme anterior, "As Flores da Guerra", baseado num romance da mesma autora de "Regresso a Casa") e da libertação do povo chinês da escravatura e da miséria em que vivia sob o regime colonial britânico (Revolução de 1 de Outubro de 1949, conduzida pelo Partido Comunista). 

O argumento do filme é passado durante e depois do período da revolução cultural chinesa, que durou uma década (1966-1976), em que o protagonista, um professor tal como a companheira, é preso, acusado de desvios ideológicos (não chegamos a perceber quais, apenas que defendeu, a contra-corrente na família, que a filha podia dedicar-se como gostava à profissão de bailarina) e mais tarde reabilitado. Na altura da prisão perde os apoios da família, incluindo o da filha, a jovem bailarina, e dos amigos.

Obra para ser vista com emoção - história de um amor que já não pode regressar igual, pela perda irreversível da memória de um dos amantes, mas também com muita atenção por todos os que almejam um mundo melhor, em que o povo seja poder e a exploração do homem pelo homem erradicada, para que não se esqueçam nunca das dificuldades de um período histórico iniciado por uma revolução progressista e popular e dos grandes perigos do radicalismo, mesmo no seio de um partido comunista, que no caso da China fez a Revolução e tomou o poder. 

Saliente-se que o argumento da obra não tende, em minha opinião, em nenhum momento para o reaccionarismo ideológico, tão comum hoje na comunicação social dominante, a que não escapam sequer e em geral os prospectos da distribuição...

A obra é uma adaptação do romance homónimo da famosa escritora chinesa da diáspora, Geling Yan (Shangai, 16-Nov-1958), actualmente vivendo em Berlim. Com dezenas de obras publicadas, na China onde são das mais lidas, justamente como "Regresso a Casa", e no estrangeiro, incluindo em português. 

A obra foi filmada em Beijing, na República Popular da China







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