“LEBANON” (Líbano), de Samuel Maoz (ISR), ** (2)
Tal como “Valsa com Bashir” (****), do também israelita, Ari Folman, “Lebanon” é uma obra autobiográfica.
Em termos de linguagem os filmes não são todavia comparáveis – o de Folman é de animação. São no entanto ambos documentos de guerra, mas em que a “Valsa de Bashir” tem um enquadramento histórico que o torna muito mais interessante.
“Lebanon” decorre no espaço claustrofóbico do interior de um tanque de guerra, onde cabem quatro soldados, com funções específicas, e onde, durante algum tempo, é transportado um soldado israelita morto, que vai ser hélio-transportado, um activista sírio preso por engano e por último um dos quatro soldados que acaba por morrer vítima de um ataque.
No entanto as razões da guerra nunca são expostas, a utilização de armas tóxicas pelo exército israelita é referida de raspão, o desprezo pelas vidas civis ou a diferença de meios militares entre invasores (Israel) e invadidos nunca é referida.
Resta a proeza em “Lebanon” de ser filmado no interior de um tanque (ou simulando-o) e o horror da guerra, que atinge o espectador com rara violência.
A cena das ameaças de tortura feitas pelo mercenário fascista, das milícias cristãs libanesas (extrema-direita) ao prisioneiro sírio, acorrentado pelos israelitas no interior do tanque, é terrível e fez-nos lembrar descrições semelhantes na belíssima obra que li recentemente, também autobiográfica, “Digam-me como é uma árvore – dos cárceres franquistas à liberdade”, do poeta espanhol, Marcos Ana, preso durante 23 anos nas prisões fascistas espanholas, desde a Guerra Civil. Atrocidade e crimes contra a humanidade cometidos pelos franquistas, que o juiz Baltazar Garzón pretendia julgar, o que lhe valeu para já a suspensão das suas funções, impossibilitando-o portanto de prosseguir os seus objectivos (em 2010!), o que revela que existem forças poderosas na sociedade espanhola actual que não desejam a investigação e julgamento dos crimes do franquismo (e já passaram 35 anos desde a restauração da Democracia em Espanha!).
A ver.
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