“TROILO E CRÉSSIDA”, de William Shakespeare, encenação de Joaquim Benite, para a CTA, ***** (5)
Acima de tudo uma peça surpreendentemente cáustica, do mestre inglês, em que os heróis gregos como Aquiles e Ajax, são metidos a ridículo.
“Em nenhum outro drama de Shakespeare os heróis se entregam a uma análise tão violenta de si próprios e do mundo.” (Jan Kott (1914-2001), professor universitário e famoso estudioso da obra do dramaturgo) (lido no MaisTMA nº7).
O amor, entre Troilo e Créssida, termina mal, nesta tragicomédia, ainda que nenhum dos dois morra. Mas as grandes personagens da peça são afinal, para além de Ulisses e Heitor (este que acaba morto, traiçoeiramente pelos homens de Aquiles), Pândaro, o alcoviteiro tio de Créssida (magnífico André Gomes) e o bobo Térsito (excepcional interpretação de Carlos Pereira), que vai dizendo todas as verdades.
“Grande mas terrível peça na qual todo o maravilhoso poder da linguagem de Shakespeare parece consagrado a um só e único sentimento: um profundo desgosto em face da natureza humana, da sua grosseria, da sua estupidez, da sua falsidade, da sua futilidade” (Trevor Roper, citado por Mário Barradas, o grande homem de teatro, que a morte impediu que levasse a cabo o seu projecto de encenar esta peça.)
“É uma «comédia negra», uma «black comedy» que faz certamente rir mas que revela o que de mais cínico e sarcástico existe na natureza humana” (Mário Barradas).
A CTA (com a colaboração da C.T.do Algarve e da C.T. de Braga), os 20 actores em palco, com alguns desempenhos com a qualidade superior a que a companhia já nos habituou, e o encenador Joaquim Benite, fizeram mais um belíssimo espectáculo, a não perder.
Há textos excelentes sobre a peça, publicadas pela CTA, no caderno respectivo (nº42) e também no referido boletim “MaisTMA”.
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