“RUÍNAS”, de Manuel Mozos, (POR), ** (2)
São imagens, por vezes paradoxalmente belas, de um universo de decadência, decrepitude, abandono, ruína. Tem a ver com a sociedade portuguesa dos meados do século passado, em lugares que outrora foram de luxo, para a grande burguesia desses tempos, e até alguns bairros populares como a Cova do Vapor, na margem esquerda do Tejo.
Leva-nos a reflectir sobre o inevitável envelhecimento das cidades, das casas, das coisas, onde vivemos e de que nos servimos e que não deixamos de olhar com uma certa melancolia, e com que nos deparamos ao deambular pelos bairros históricos da nossa cidade.
Mas, acima de tudo, o que nos custa mais suportar é quando há falência de projectos sociais meritórios, que as novas condições económicas e sociais desactualizam, como certos bairros cooperativos.
O tema da obra tem muito de pessoal. As nossas ruínas, as interiores e as externas, às vezes não coincidem com de outras pessoas. A menos que haja um universalismo nelas, como em obras extraordinárias vistas recentemente – “Of Time and The City” (Terence Davies) e “LÁimée” (Arnaud Desplechin).
A ver ** (2)
Em complemento uma curta-metragem, "Canção de Amor e Saúde" de João Nicolau, que colaborou na fotografia de “Ruínas” e que começa com brilhante longo plano único que, só ele, justifica uma visão.
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