Cultura!

Cultura!

OBJECTIVOS

Estes textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... Nos últimos tempos são maioritariamente meros comentários que fiz, publicados principalmente no facebook ou no correio electrónico, sempre a pensar em primeiro lugar nos amigos que eventualmente os leiam.
Gostaria muito de re-escrever os textos, aprofundando as opiniões, mas o tempo vai-me faltando...
As minhas estrelas (de 1 a 5), quando as houver, apenas representam o meu gosto em relação à obra em causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto com competência, além da subjectividade inerente. Gostaria de ver tudo o que vale a pena, mas também não tenho tempo...

quarta-feira, 4 de março de 2015

GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE



Num momento em que já estão em cena ou vão estrear espectáculos que não quero perder, nomeadamente entre outros:

RATOS E HOMENS, adaptação do romance de John Steinbeck, pelo Intervalo Grupo de teatro, com encenação de Armando Caldas

O PELICANO, de Auguste Strindberg, pela Companhia de Teatro de Almada, com encenação de Rogério de Carvalho

LISBOA FAMOSA, PORTUGUESA E MILAGROSA, baseada em autos dos séculos XV e XVI, pela Cornucópia, com encenação de Luís Miguel Cintra

Relembrar dois espectáculos muito bons que vi ultimamente:

KILIMANJARO, baseado em As Neves do Kilimanjaro e outros textos de Ernest Hemingway, pela Companhia de Teatro de Almada, com encenação de Rodrigo Francisco

GATA EM TELHADO DE ZINCO QUENTE, de Tennessee Williams, pelos Artistas Unidos, com encenação de Jorge Silva Melo

Sobre Kilimanjaro, já tinha falado em post anterior e portanto volto a dizer que em minha opinião nos conseguiu transmitir mais alguma coisa sobre o grande escritor e a sua obra, o vencedor de prémios Pulitzer e Nobel, mas também o cidadão empenhado e participante nas grandes questões do seu tempo, nas lutas e combates travados contra o fascismo e o nazismo, nos dois conflictos mundiais e em Espanha, Hemingway, que não tendo no entanto e infelizmente conseguido superar as suas inquietações pessoais, cedo nos deixou. 

Foram utilizadas soluções cénicas nesta encenação que aproximaram os espectadores do palco e dos actores mas sem nunca ultrapassar aquela barreira que se torna por vezes incómoda para quem assiste (pelo menos em minha opinião), a menos que saiba exactamente o que nos espera.

Quanto à encenação desta Gata em Telhado de Zinco Quente foi feita com o savoir-faire habitual, que é sinónimo de grande qualidade, de Jorge Silva Melo e dos seus actores, alguns dos quais foram extraordinários. 

Tennessee Williams dizia às vezes que era a sua peça preferida. É obviamente difícil para nós, leitores e espectadores, confirmar se isso é certo, dada a qualidade dos grandes textos de teatro que ele escreveu. E noutros domínios, os do cinema, talvez ele seja até o autor que mais brilhantemente foi adaptado, transferindo do palco para o grande ecrã os seus por vezes intensos dramas, não sendo difícil falar de mais de meia-dúzia de grandes filmes sobre obras suas. 

Um deles é o belíssimo filme, Gata em Telhado de Zinco Quente, de Richard Brooks, grande cineasta norte-americano de cuja obras gosto muito, mesmo tendo em conta as dificuldades que teria tido com os censores nos USA, ao transportar esta peça para um filme a ser visto por uma multidão de espectadores, que o terão obrigado a certas alterações, que não eram obviamente justificadas apenas devido à linguagem utilizada. 




A complexidade do drama no seio de uma família sulista, em que ambições, invejas, traições, vêm à tona, com todos os problemas que em geral uma sucessão traz, leva a que as suas personagens sejam vistas de modos diferentes por encenadores e críticos. E leituras diversas possam ser feitas, como se de personagens reais se tratasse. Principalmente relativamente ao casal Maggie e Brick, em torno do qual decorre toda a acção. Para uns o final conduzirá a uma certa estabilidade (como no filme de Richard Brooks), para outros isso é apenas aparente e Maggie vence porque é mais esperta (na versão de Jorge Silva Melo).

Algumas interpretações neste espectáculo atingem o brilhantismo: Catarina Wallenstein, em Maggie e Américo Silva, no Pai Pollit, que Tennessee considerava ser a sua melhor personagem de sempre, e na sua peça preferida, com o seu quase monólogo na longa conversa com o filho, Brick, no segundo acto. 



Será a Gata a melhor peça de Tennessee? 

É difícil dizê-lo perante a grande qualidade de quase toda a sua obra. E só no cinema poderíamos citar as obras-primas criadas por Joseph L.Mankiewicz, Richard Brooks, Paul Newman, John Huston, Sidney Lumet e Elia Kazan. Tudo grandes nomes da Sétima Arte!

NOTA: texto publicado inicialmente no facebook

Sem comentários:

Enviar um comentário