Ver uma sala do cinema comercial (cinema Ideal, ao Camões, Lisboa) quase cheia de um público maioritariamente jovem para assistir à projecção de uma das obras-primas do Cinema Português, OS VERDES ANOS, realizado em 1963 por um grande e saudoso cineasta, PAULO ROCHA, deixou-me por um lado surpreendido por haver tanta gente, por outro expectante, em relação a qual iria ser a reacção de um público jovem, como nós éramos em 1963, mais de 50 anos depois.
Na estreia, em 1963, foi uma enorme alegria que sentimos, apesar do drama que se desenrolava no ecrã, pela grande qualidade da obra, em nada inferior ao melhor que então víamos, vindo do estrangeiro.
Agora, foi a alegria de sentir que a obra interessou e julgo que agradou a este novo público, mesmo sabendo que lhe será difícil compreender plenamente a ambiência pesada, castrante, medíocre, miserável desses tempos do fascismo salazarista, que Paulo Rocha mostrou como pano de fundo do drama do desencontro dos jovens amantes (belíssimas interpretações, que ainda hoje por vezes emocionam), consequência de sonhos não cumpridos, frustrações, impossibilidades de realização.
(nota facebookiana, 31-Ago-2016)
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